Por Rafael Rosas e Alessandra Saraiva – Valor Econômico

O desempenho do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em novembro continuou a mostrar um empresariado hesitante na hora de tomar recursos. Os empréstimos do banco nos 11 meses do ano somaram R$ 61,056 bilhões, queda de 20% ante igual período do ano passado, enquanto as consultas caíram 16% na mesma comparação, para R$ 88,070 bilhões.

No acumulado em 12 meses até novembro, os desembolsos caíram 24%, para R$ 72,844 bilhões, e as consultas recuaram 17%, para R$ 94,087 bilhões, sempre na comparação com os 12 meses imediatamente anteriores.

O desempenho em novembro contribuiu para aprofundar a queda nas comparações acumuladas. No mês passado, o banco emprestou R$ 5,879 bilhões, 23,82% abaixo dos R$ 7,718 bilhões de novembro do ano passado.

Além disso, os desembolsos foram os menores para qualquer mês de novembro desde os R$ 5,309 bilhões de 1998. As consultas seguiram comportamento similar no mês passado. O banco recebeu R$ 6,433 bilhões em consultas em novembro, 32,65% abaixo dos R$ 9,552 bilhões de igual mês de 2016. Neste caso, o desempenho foi o pior novembro desde os R$ 5,883 bilhões de novembro de 2001.

Ainda em relação a novembro, as liberações para a indústria somaram R$ 1,11 bilhão, 37,88% abaixo de novembro do ano passado, quando o setor recebeu R$ 1,787 bilhão. No caso da infraestrutura, as liberações atingiram R$ 2,311 bilhões, 2,20% abaixo dos R$ 2,363 bilhões de novembro de 2016.

Na agropecuária, setor que tem desempenho positivo no acumulado do ano, os desembolsos em novembro caíram 4,51% ante novembro do ano passado, para R$ 1,354 bilhão. Em comércio e serviços, os desembolsos caíram 48,62% na mesma comparação, para R$ 1,104 bilhão.

Para o superintendente da área de planejamento do BNDES, Maurício Neves, embora os resultados mostrem um desempenho ainda fraco, alguns pontos específicos dão sinais que permitem ao banco enxergar um cenário de retomada a partir do começo de 2018. Neves ressalta que os desembolsos para a Finame – linha destinada ao financiamento de máquinas e equipamentos – dão boa indicação de uma possível recuperação da economia a partir do começo de 2018.

No acumulado entre janeiro e novembro, a Finame desembolsou R$ 17,62 bilhões, alta de 11% ante igual período do ano passado. No acumulado em 12 meses até novembro, foram R$ 19,41 bilhões, 7% a mais que nos 12 meses imediatamente anteriores. “A Finame cria investimento, que está voltando. É investimento em bens de capital”, diz Neves.

Para o superintendente, a tendência é que 2017 seja visto como o “fundo do poço” na atual crise. “O banco atinge patamares de estabilidade, com consultas ao redor de R$ 100 bilhões [no acumulado em 12 meses]. Com a economia se recuperando ano que vem, essa estabilidade pode se reverter em crescimento no início de 2018. ”

Outra notícia positiva é o aumento dos desembolsos para micro, pequenas e médias empresas. Esse grupo recebeu R$ 26,52 bilhões este ano, 9% a mais que em igual período do ano passado. No acumulado em 12 meses, a alta é de 8%, para R$ R$ 29,388 bilhões.