A ação integrou Dia Nacional de Mobilização contra a Medida Provisória de Temer que altera a Lei Nacional do Saneamento

Paula Adissi – Brasil de Fato

30 de Agosto de 2018 às 18:22

Cerca de 700 manifestantes, entre trabalhadores da Cagepa e integrantes de movimentos sociais, realizaram nesse dia 30, em João Pessoa, ato público contra a Medida Provisória (MP) 844/2018. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Purificação da Água e em Serviços de Esgotos do Estado da Paraíba, o Sindágua-PB, organizador da atividade, o objetivo principal dessa MP é entregar o setor de saneamento e abastecimento de água para a iniciativa privada. As ações foram realizadas durante toda a manhã e contou com caminhada pelo centro da cidade e audiência pública na Assembleia Legislativa da Paraíba.

Para Reno de Sousa, presidente do Sindágua-PB, a medida provisória do presidente Michel Temer avança com muita velocidade porque eles têm interesse em privatizar o saneamento básico, o que causará aumento de tarifa e prejuízo para populações mais pobres. “Não vamos permitir que uma medida provisória se transforme em Lei sem nenhuma discussão com a sociedade, porque o povo brasileiro não merece isso” afirmou ele durante a audiência pública.

Reno denunciou ainda que caso a MP vire lei vai prejudicar diretamente as cidades mais pobres, as que não conseguem custear a coleta e tratamento do esgoto municipal, o que com o atual marco regulatório do saneamento é garantido através dos recursos recolhidos com esses serviços nas cidades maiores. Diante desse ataque ao saneamento e abastecimento, que em consequência atinge também a saúde pública e restringe o acesso à água limpa e potável, o sindicalista diz ser preciso a unidade entre os trabalhadores do setor e os movimentos sociais para derrotar a MP.

Campos, trabalhador da Cagepa durante a caminhada pelo Centro de João Pessoa./ Foto: Paula Adissi.

Os trabalhadores e trabalhadoras da Companhia de Água e Esgotos da Paraíba, Cagepa, estiveram em grande número presentes na manifestação. Para Campos, um desses trabalhadores, a medida do presidente Temer é nociva ao Brasil, “ela abrange não só as companhias de água e esgoto, tanto da Paraíba quanto do Brasil, mas é um lobby que eles [do governo] estão arquitetando com as companhias internacionais para comprar toda a água do nosso Brasil. Eles estão interessados nas águas do nosso país.”, alerta Campos.

Rosângela, sem teto, com sua filha no colo e suas companheiras de acampamento. Foto: Paula Adissi.

No ato também estiveram presentes movimentos populares preocupados com o retrocesso na política de saneamento básico e no risco da privatização do setor, o que acompanharia aumento na conta de água e impactos para as famílias que já vivem em situação socioeconômica precária. Ao ser perguntada sobre o que achava da MP, Rosângela Soares integrante do Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD) e moradora do Acampamento Nova Jerusalém, no bairro Gervásio Maia, na periferia de João Pessoa, disse achar que é um absurdo, “nós somos pessoas humildes, tem muita família aí que não tem condição de pagar uma conta de água hoje como tá, imagina se aumentar. Eles ‘tão’ querendo vender esgoto, vender a água e vão deixar a gente sem acesso a nada. E nossas crianças como é que vão viver? Ele [Temer] está querendo acabar com nós brasileiros?” fala com indignação Rosângela que levava nos braços sua filha de 2 anos.

A manifestação integrou a programação do Dia Nacional de Mobilização Contra a MP 844 da Sede e da Conta Alta, organizado pela Federação Nacional dos Urbanitários (FNU) e Confederação Nacional dos Urbanitários (CNU).