Por Taís Hirata e Chiara Quintão – Valor Econômico

05/09/2019 – 05:00

Aos 87 anos, a Passarelli Engenharia e Construção entra em nova fase, com a intenção de que cada uma de suas áreas – infraestrutura, edificação e imobiliária – responda por um terço dos projetos em execução a partir de 2020. Depois de um volume de negócios de R$ 358 milhões em 2018, a Passarelli estima chegar a R$ 420 milhões neste ano e a R$ 600 milhões em 2020, segundo o presidente, Paulo Said Bittar.

Em 2012, quando as contratações públicas respondiam por 90% do total da carteira e as privadas, pelos 10% restantes, a empresa decidiu buscar o equilíbrio desse patamar dentro de um prazo de dez anos.

A marca foi alcançada bem antes, em 2018, quando obras públicas, em declínio no país, passaram a responder por metade dos projetos em execução, e as edificações privadas (segmento que abrange imóveis industriais, de supermercados, galpões, hospitais, escolas e shopping centers), pelo restante.

No segmento residencial, o Valor Geral de Vendas (VGV) dos projetos previsto para o biênio 2019-2020 é de R$ 400 milhões, considerando-se somente a parcela da Passarelli. A empresa também poderá atuar como incorporadora única, desenvolvendo projetos em parceria e prestando serviços de construção.

O aumento das apostas no segmento imobiliário ocorreu juntamente com a queda brusca nas obras públicas do país. Nos últimos anos, não só projetos de infraestrutura novos se tornaram raros, como muitos dos que estavam em curso foram paralisados – é o caso, por exemplo, de um dos lotes do Cinturão das Águas, um projeto para ampliar o acesso a recursos hídricos no Ceará, para o qual a Passarelli foi contratada.

Hoje, a perspectiva para o setor de infraestrutura já é de maior otimismo, segundo Bittar. “Com as privatizações e concessões em curso, haverá muita oportunidade para as empresas de médio porte”, afirma.

A Passarelli deverá se concentrar nos projetos de saneamento – segmento em que tem maior experiência – e de aeroportos – setor que será alvo de diversos leilões até 2022. A companhia já faz parte do consórcio responsável pela ampliação do terminal de passageiros do aeroporto de Fortaleza, operado pela alemã Fraport, e está participando de concorrências privadas para tocar as obras de aeroportos recentemente leiloados.

Outro projeto relevante para a construtora é o de despoluição do rio Pinheiros, que será leiloado em 14 lotes. A Passarelli venceu um dos dois contratos já assinados, no valor de R$ 56 milhões, e aguarda as outras 12 licitações que serão realizadas pela Sabesp nos próximos meses.

No radar da companhia, também está o setor de óleo e gás. Com os leilões realizados pelo governo federal, a expectativa da construtora é realizar obras de estações de tratamento de resíduos de empreendimentos do setor, afirma o presidente.

No segmento de edificações privadas, a Passarelli foi contratadas, recentemente, para erguer condomínio modular composto por nove galpões multiusuários, no interior de São Paulo, com área construída total de cerca de 39 mil metros quadrados. O valor da obra é de R$ 51,35 milhões, e o prazo de execução, de oito meses.

Bittar assumiu, em janeiro, o cargo que era ocupado por Hugo Passarelli Scott, da terceira geração da família, o qual passou à presidência do conselho consultivo.