Por Arícia Martins – Valor Econômico

Impulsionadas por desempenho forte dos serviços, o Sul e o Centro-Oeste tiveram crescimento mais expressivo do que a média nacional no terceiro trimestre, segundo estimativa da 4E Consultoria. Enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro subiu 0,1% de julho a setembro sobre os três meses anteriores, feitos os ajustes sazonais, a atividade nessas duas regiões do país avançou 0,8% e 1,9% no período, respectivamente.

Em ambos os casos, a alta foi influenciada principalmente pela atividade dos serviços, que cresceu 2,4% no Centro-Oeste e 1,1% no Sul. Na média do país, a expansão do setor foi de 0,6% no terceiro trimestre. A desagregação da 4E para as cinco regiões é feita somente pelo lado da oferta. Na região que compreende os Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás e o Distrito Federal, um aumento atípico nas contratações da administração pública responderam por boa parte do aquecimento dos serviços, diz Alejandro Padrón, economista da consultoria e autor dos cálculos.

Além desse fator, que considera pontual, Padrón observa que tanto no Sul quanto no Centro-Oeste a recessão parece ter sido superada antes do que nas demais regiões. “O PIB brasileiro está muito relacionado ao desempenho do Sudeste, que tem uma realidade econômica diferente agora. Já essas duas outras regiões têm mostrado uma velocidade de recuperação maior ao longo de 2017”, afirma o economista, destacando que o Centro-Oeste já recuperou os níveis de ocupação pré-crise.

Embora o setor agropecuário tenha recuado 3% entre o segundo e o terceiro trimestres em todo o país, as safras recorde colhidas na primeira metade do ano ainda estão ajudando a economia do Sul e do Centro-Oeste. Essas duas regiões se beneficiam da renda agrícola, o que também explica o bom comportamento do PIB dos serviços, diz Padrón. No Sul, o PIB agro caiu 1% de julho a setembro e, no Centro-Oeste, houve alta modesta, de 0,3%.

“Não temos a contrapartida do consumo das famílias nas regiões, mas certamente a demanda cresceu no Sul e no CentroOeste, dado que a atividade do comércio foi a que mais avançou dentro dos serviços”, afirma.

No Sudeste, cuja economia ficou estável no terceiro trimestre, o destaque positivo no período foi a indústria, que aumentou 0,8%, mesma variação observada na média brasileira. Essa região é responsável por cerca de 40% do PIB do país, observa Padrón, o que explica o desempenho bastante parecido com o PIB total. “As regiões mais dinâmicas têm participação menos significativa no PIB. Por isso, o crescimento foi baixo no terceiro trimestre.”

A atividade econômica na região Norte também teve crescimento nulo nos três meses terminados em setembro, depois de ter avançado 2,2% no segundo trimestre. Essa região foi a única em que o PIB industrial encolheu no período (retração de 0,3%), queda parcialmente compensada pelos serviços, que subiram 0,2% ante o trimestre anterior.

O Polo Industrial de Manaus (PIM), que responde pela indústria de transformação dessa região, fabrica principalmente eletroeletrônicos e motocicletas, segmentos que não estão com bom desempenho na retomada, afirma Padrón. No Pará, o maior peso é da indústria extrativa, que teve alta pouco significativa no terceiro trimestre, de 0,2%, considerando a média do país.

Já no Nordeste, a tônica é de recuperação. A atividade na região ficou 0,1% no terceiro trimestre, após redução de 0,8% registrada de abril a junho. A indústria nordestina cresceu 2,4%, ao passo que os serviços ficaram estáveis e o setor agropecuário diminuiu 3,8%. “Nessa região, o mercado de trabalho está reagindo de maneira atrasada, assim como no Norte. Por isso, a recuperação dessas duas regiões deve ser defasada”, diz. o economista.

Para o quarto trimestre, a 4E trabalha com expansão de 0,4% para o PIB, variação que, de acordo com Padrón, deve ser mais disseminada entre as cinco regiões do país.