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12/11/2018

Mais de 400 estudantes, pesquisadores e professores da área de saneamento de todo o País participaram do 1.º Seminário Nacional sobre Estações Sustentáveis de Tratamento de Esgoto, realizado na quarta e quinta-feira (7 e 8) no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba.

Na sexta (9), muitos participantes visitaram a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Belém e a empresa CS Bioenergia, construída para transformar o lodo gerado na ETE Belém em energia elétrica.

Realizado pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Estações Sustentáveis de Tratamento de Esgoto (INCT ETEs Sustentáveis), em parceria com a Sanepar e outras instituições, o seminário teve por objetivo promover um debate técnico-científico sobre o avanço na área de saneamento, com soluções sustentáveis, visando a melhoria do setor no País.

Durante o seminário, foram promovidos painéis que abordaram gerenciamento do sistema de coleta e transporte de esgoto doméstico; controle das emissões gasosas e aproveitamento energético do biogás nas ETEs; valorização dos subprodutos sólidos do tratamento de esgoto (lodo e escuma); remoção de microcontaminantes, remoção e recuperação de nutrientes e produção de água para reúso; e gestão do saneamento, aspectos legais, institucionais e capacitação.

“Saneamento básico é o maior problema do século 21. Queremos fazer mais e fazer diferente para garantir acesso de todos à distribuição de água potável e a coleta e tratamento de esgoto. Esses fóruns de discussão visam contribuir para chegarmos a isso”, disse a diretora de Meio Ambiente da Sanepar, Fabiana Campos, na abertura do evento.

Coleta e tratamento de esgoto

O gerente de Pesquisa e Inovação da Sanepar, Gustavo Possetti, que coordena o INCT ETEs Sustentáveis na Região Sul, explicou que o conceito de ETEs sustentáveis prevê uma nova forma de enxergar o esgoto, com a geração de valor a partir do aproveitamento de seus subprodutos: sólidos (lodo), líquido (efluente) e gasoso (gases gerados no processo de tratamento, como o metano).

O representante das Nações Unidas no programa ONU-Habitat para o Brasil e Cone Sul, Alain Grimard, destacou que ampliar e melhorar os serviços coleta e tratamento de esgoto é fundamental para a melhoria da qualidade de vida das populações. “Promover o saneamento, com a destinação adequada de resíduos, vem ao encontro dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis, em especial o de número 11 que visa tornar as cidades mais inclusivas, seguras e sustentáveis”, disse.

O professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Carlos Chernicharo, coordenador do INCT ETEs Sustentáveis, disse que o programa visa promover e disseminar conhecimentos científicos e tecnológicos para o gerenciamento dos sistemas, a coleta e o transporte do esgoto bruto e os subprodutos das fases gasosa, líquida e sólida. “O setor precisa avançar porque de modo geral ainda utiliza modelos do século 19, quando surgiu o saneamento”, afirma.

Companhias de saneamento

O presidente do Instituto Superior de Administração e Economia do Mercosul (ISAE), Normam de Paula Arruda Filho, também destacou a importância de as companhias de saneamento debruçarem-se em busca de soluções técnicas mais avançadas para o setor.

MEDIDA PROVISÓRIA – A Medida Provisória 844, que altera a Lei de Saneamento (11.445), também foi tema do seminário. Em pauta no Congresso Nacional, a MP 844 favorece a privatização do setor. O presidente da Seção Paraná da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES-PR), Luiz Henrique Bucco, alertou que a Medida Provisória, se aprovada, irá dificultar os investimentos em saneamento nas localidades mais pobres do País. “A MP irá desestruturar o setor e acirrar as diferenças entre os municípios mais ricos e os mais pobres. Hoje, as companhias estaduais utilizam a prática do subsídio cruzado para investir nas cidades em que os serviços de água e de esgoto são deficitários. A MP irá inviabilizar esta prática”, disse. O tema também foi abordado por Marcos Montenegro, da ABES.

PAINEIS – Participaram dos debates o professor Roque Piveli, da Universidade de São Paulo; professor Miguel Mansur Aisse, da Universidade Federal do Paraná; Eduardo Pegorini, da Sanepar; Charles Carneiro, do ISAE/Sanepar; Christoph Platzer, da empresa de tratamento de efluente Rotária; professor Emanuel Brandt, da Universidade Federal de Juiz de Fora; Sonaly Borges de Lima, da UFMG; Isaac Volschan Junior, de Universidade Federal do Rio de Janeiro; Simone Bittencourt, da Sanepar; André Bezerra dos Santos, da Universidade Federal do Ceará; Sérgio Abreu, do Ministério das Cidades; Ana Soares, da Cranfield University, de Londres; pesquisador Cleverson Andreoli, do ISAE; Katia Gutierrez, da Universidade Federal do Amazonas; Fabio Bianchetti, da UFMG; Karina do Amaral, da UFPR; Juliana Crepalde, da UFMG; Marcus Regis, da Agência Alemã de Cooperação Internacional GIZ; e Leidiane Mariani, da Rede de Biodigestores para a América Latina e Caribe (RedBioLac).