Por Fernanda Pires e Rodrigo Rocha – Valor Econômico
08/05/2018 – 19:03
SÃO PAULO – A escolha da administradora e advogada Karla Bertocco pelo governador Márcio França (PSB) para comandar a Sabesp tem principalmente dois condões: conduzir a capitalização da empresa e acelerar a expansão da presença da Sabesp em municípios que ainda sofrem com a falta de saneamento no Estado mais rico da nação, conforme uma fonte do governo.
“Karla é uma pessoa de grandes ideias e que pode ampliar os negócios da Sabesp. Tocou projetos de grande importância na gestão [Geraldo] Alckmin. Ela representa o próximo passo da empresa”, disse a fonte.
Considerada “combativa” em relação às concessionárias de serviços públicos e “realizadora”, seu último cargo no governo foi como subsecretária de parcerias e inovação da Secretaria de Governo. A pasta, criada por Alckmin em 2014 em substituição à Gestão Pública, e conduzida por Saulo de Castro, um dos homens fortes do tucano, concentrou um vasto poder, como o planejamento dos programas de desestatização, parcerias público-privadas (PPP) e concessões.
Mulher de confiança de Alckmin, o ex-governador chegou a dizer em conversas informais que ela era uma espécie de primeira-ministra de seu governo. Karla foi, antes, diretora-geral da agência reguladora de serviços de transportes do Estado de São Paulo (Artesp), que regula os contratos com as concessionárias. Mesmo na função de subsecretária, mantinha forte influência na Artesp, agência que saiu do guarda-chuva da Secretaria de Transportes e passou a ser vinculada à Secretaria de Governo com a criação da pasta.
Karla substitui Jerson Kelman, cuja gestão foi marcada pelo enfrentamento da crise hídrica em São Paulo. O movimento do governo reforça a intenção da companhia e de retornar a investir em ampliação de redes, principalmente de esgoto, cujo investimento foi reduzido nos último ciclo para resolver os problemas de desabastecimento.
A expectativa da estatal, mesmo sem o montante resultante da possível capitalização, era investir R$ 13,9 bilhões entre 2018 e 2021, com esgoto como principal destaque. A injeção de capital planejada pelo governo tem como finalidade acelerar essa intenção.
No momento, a criação da holding controladora da Sabesp ainda está em processo de discussão dentro da administração estadual, que negocia com parceiros que seriam sócios minoritários na companhia. Parte do montante arrecadado seria utilizado em uma capitalização aberta a todos os acionistas da Sabesp.
O processo de criação da holding também passava pelas atribuições de Karla como subsecretaria, que ainda teve passagem anterior pela Sabesp como assessora do presidente e foi diretora de relações institucionais da agência reguladora de serviços de saneamento (Arsesp).
