Por Rodrigo Rocha, Valor Econômico

Principal operadora de saneamento do país, a Sabesp pretende reforçar a presença de tecnologia em sua operação, com foco em reduzir fraudes e perdas em suas redes. A companhia irá adquirir, até o fim do ano, 150 mil hidrômetros com tecnologia de internet das coisas (IoT, na sigla em inglês) para monitorar grandes consumidores. Segundo a empresa, é uma das maiores aquisições envolvendo IoT.

Os alvos da operação são um grupo de grandes consumidores da região metropolitana de São Paulo, e que representam 45% do faturamento da companhia na divisão. A tecnologia enviará dados que tornarão capazes o monitoramento diário de informações que atualmente são obtidas apenas mês a mês.

“Nosso foco é preservar o faturamento, se tem algum cliente que está fraudando, se tem algum cliente que saiu do perfil de consumo, temos condição de avisar no dia seguinte”, afirma Marcelo Fornaziero Medeiros, gerente de desenvolvimento e gestão da regional metropolitana da Sabesp.

Para atender as regras que regulam o processo licitatório, a companhia não abre detalhes do grupo que será monitorado e de quanto pretende desembolsar pelos hidrômetros. Mas o modelo será semelhante ao utilizado nos mega consumidores, que adotam, desde 2012, um sistema de telemedição.

A principal diferença, explica Medeiros, é que os hidrômetros que são utilizados hoje em dia para monitoramento da faixa mais alta de consumo têm custo relevante com transmissão de dados, pois utilizam tecnologia 3G e 4G. O novo modelo utiliza uma rede de curta distância, considerada mais barata, e que tem forte presença no agronegócio.

“Essa tecnologia tem limitações para quantidade de dados, mas é mais que suficiente para o que necessitamos”, afirma Medeiros. A expectativa da empresa é que a instalação dos hidrômetros, caso a licitação ocorra normalmente, deva começar no primeiro semestre de 2019.

O modelo foi testado nos últimos meses em um grupo de 500 consumidores, com o objetivo principal de testar a confiabilidade e os limites geográficos da cobertura da rede. Mesmo assim, a companhia já foi capaz de identificar anormalidades como o caso de uma escola em São Paulo, cuja curva de consumo durante a madrugada era consideravelmente superior ao esperado para um período de ausência de atividades. Com essas informações, foi identificada a ocorrência de um vazamento. “Hoje detectamos perdas em outros processos que não são online. A partir de agora vamos trabalhar com informações diárias.”

A operação da rede e a captação de dados serão feitos por uma companhia que também será contratada por licitação e será remunerada por desempenho, ou seja, o pagamento será condicionado ao cumprimento de metas como tempo de resposta e agilidade na instalação.

“É o maior projeto de IoT na América Latina, não tem um projeto desse tamanho nem no agronegócio em pontos [de captação de dados]”, diz Medeiros. O representante da Sabesp lembra ainda que uma das vantagens desse tipo de tecnologia é que as informações coletadas podem ser utilizadas para outros fins, como auxiliar em decisões estratégicas da empresa.

Ele explica, que, para se expandir para toda as unidades, a tecnologia teria de ficar mais barata. No atual formato, existe a possibilidade de o acompanhamento avançar para o interior do Estado, pois há redes semelhantes em regiões como o Vale do Paraíba e Campinas. 11/09/2018 Sabesp adota