Por Bruno Peres – Valor Econômico

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Paulo Rabello de Castro, afirmou ontem se sentir no dever de alertar o governo para a dificuldade do banco em prever a transferência de mais R$ 130 bilhões, no próximo ano, como parte do acordo para devolução de recursos do banco devidos ao Tesouro Nacional. Segundo disse, o repasse da primeira parcela, de R$ 33 bilhões, de um total de R$ 50 bilhões considerados emergenciais, foi autorizada ontem pelo conselho de administração do banco de fomento.

De acordo com o executivo, outros R$ 17 bilhões deverão ser repassados em novembro, após a conclusão de “estudos avançados” feitos pelo banco. “Nossos dados já indicam a possibilidade de acrescentar esses R$ 17 bilhões, que seriam necessários, segundo a regra de ouro, para meados de novembro, mas muito antes disso daríamos nossa autorização se os números se confirmarem”, completou.

Rabello de Castro destacou, no entanto, que o banco precisa fazer contas adicionais em razão do acúmulo de novas demandas não só para este ano como também para 2018, como saques de depósitos especiais do FAT, nova linha de crédito do BNDES Giro e devoluções de depósitos para beneficiários de PIS/Pasep já para este ano.

“É por isso que atendemos aos R$ 33 bilhões emergenciais, mas estamos prudencialmente refazendo as contas para saber os impactos dessas outras utilizações”, disse Rabello de Castro.

O presidente do BNDES anunciou também a possibilidade de uma manifestação conjunta com os ministérios envolvidos nas discussões alertando para a dificuldade do banco em prever um repasse futuro de R$ 130 bilhões, o que contribuiria para o fechamento de caixa do governo. Segundo disse, não há o “martelo”, quanto mais “batido”, sobre esses recursos.

“Nossos números indicam que o governo deve botar as barbas de molho quanto a um cheque de R$ 130 bilhões em 2018. É também nossa obrigação dar um alerta sobre a quase absoluta impossibilidade do BNDES em relação a uma soma dessa natureza”, disse.

Ainda de acordo com ele, a aposta do governo em um crescimento mais robusto deveria considerar a demanda futura de mais investimentos financiados pelo banco. As declarações de Rabello de Castro foram dadas na Câmara dos Deputados após solenidade em homenagem ao IBGE, órgão do qual foi presidente antes de chegar ao BNDES.