Por Luciano Máximo e Alexandre Melo – Valor Econômico

O presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, confirmou que o banco vai devolver mais R$ 17 bilhões que tem em caixa para o Tesouro até o fim do ano, completando R$ 50 bilhões em 2017. Para ele, a devolução de mais R$ 130 bilhões à União em 2018 não será uma decisão fácil. “A situação do BNDES é confortável, mas em termos de magnitude de bilhões, é completamente incompatível com a combinação feita com o governo federal.”

Mais cedo, o diretor de planejamento do banco, Carlos da Costa, disse que o BNDES precisaria recorrer a fontes alternativas para devolver antecipadamente os valores cobrados pela União. “Poderão ser realizadas captações no mercado doméstico e externo para devolver os recursos à União. O caixa não pode ser usado, porque boa parte está comprometido com desembolsos a serem feitos.”

Segundo Rabello de Castro, o banco está terminando de estudar o pedido da União para 2018 “para divulgar para a sociedade, dentro de mais algumas semanas, panorama mais claro da nossa eventual impossibilidade”, disse. Em seguida, alfinetou: “Se meu filho me pedisse para eu cobrir o estouro do orçamento dele do próximo ano, que ainda nem começou, diria que era melhor ele fazer uma reavaliação de suas contas”.

Rabello acrescentou que o banco já faz “esforço muito grande” para atender “demanda emergencial” da equipe econômica e fechar o ano com devolução de R$ 50 bilhões. “São R$ 50 bilhões, mais que o dobro de todo o investimento federal em todas as áreas e setores, computando a transposição do São Francisco, obras rodoviárias e ferroviárias. Mais que o dobro!”, reiterou.

Sobre reportagem do Valor, que aponta um caixa de cerca de R$ 200 bilhões do banco, ele argumentou que esses recursos “não são necessariamente sacáveis” para saldar dívida com o Tesouro.

O presidente do BNDES se filiou ontem ao PSC com a intenção de concorrer à Presidência da República em 2018. As conversas ocorriam há meses, desde que o deputado federal Jair Bolsonaro (RJ) decidiu deixar o PSC – ele está indo para o PEN, futuro Patriota. (Colaborou Raphael di Cunto, de Brasília).