Setores não concordam com novas regras para o seguro garantia

Maria Cristina Frias – Folha de São Paulo

5.jul.2018 às 2h30

O deputado João Arruda (MDB-PR), relator do projeto que muda as licitações públicas, fez alterações no texto para tentar agradar os setores de construção e de seguros, que travam uma disputa em torno das novas regras.

Representantes de ambos os segmentos, no entanto, se dizem insatisfeitos em relação às últimas mudanças.

A discussão é sobre um tipo de seguro garantia, um contrato feito entre construtoras e operadoras que dá à administração pública a certeza de que a obra será terminada, caso a empreiteira a abandone.

Se isso acontecer, a seguradora paga uma parte do valor original do projeto. Hoje, é cerca de 5%, mas o governo quer aumentar para 30%.

Essa mudança, no entanto, vai fazer o valor da apólice subir, e, portanto, desagrada as construtoras.

“Para conseguirmos aprovar o projeto, vamos flexibilizar essa porcentagem. Recuar não significa desfigurar o texto”, afirma Arruda.

O mercado não aceitará, diz Roque Melo, da comissão de crédito da FenSeg (federação de seguros): “A questão dos 30% é indispensável para obras de grande vulto.”

Se a porcentagem for menor, as seguradoras querem se ver desobrigadas de uma responsabilidade: a de contratar uma outra construtora que faça o trabalho até o fim.

O texto ainda desagrada as empreiteiras, que pagam a apólice, mas não têm proteções contra seus riscos, segundo José Martins, presidente da ​Cbic (câmara da construção).

 “O projeto diminui as possibilidades de sinistro para as operadoras, mas para as construtoras ele é inócuo.”

O TCU publicou uma nota com o mesmo ponto: “O seguro cobre problemas ocasionados exclusivamente pelo contratado, e grande parte das paralisações de obra são de responsabilidade da administração pública.