Por Thais Carrança e André Ramalho – Valor Econômico

Helcio Takeda, da Pezco: “Já se esperava
uma desaceleração no 3º trimestre”

A produção industrial fechou o terceiro trimestre no azul, consolidando uma sequência de três trimestres de resultados positivos em 2017, ainda que em ritmo decrescente. Após avanço de 0,2% na produção industrial em setembro, na base mensal ajustada, indicadores antecedentes sugerem nova alta em outubro em relação ao mês anterior. Com isso, a indústria deverá fechar o ano com crescimento pela primeira vez após três anos seguidos de quedas.

A variação da produção industrial em setembro veio abaixo do avanço de 0,5% esperado pelo mercado e não chegou a compensar a queda de 0,7% registrada em agosto (revisada de -0,8%). A atividade industrial em setembro foi impulsionada pela produção de bens intermediários (0,7%) e bens de consumo duráveis (2,1%), mas puxada para baixo pela contração em bens de capital (-0,3%) e bens de consumo semi e não duráveis (-1,8%).

Com o resultado de setembro, a indústria geral encerrou o terceiro trimestre com avanço de 0,9% em relação ao segundo trimestre, feitos os ajustes sazonais. O setor de transformação foi um pouco melhor, com alta de 1,2%. Nos dois casos, os resultados mostram uma pequena desaceleração em relação ao crescimento registrado nos dois primeiros trimestres. A indústria geral começou o ano crescendo 1,4%, chegou a 1,1% no segundo trimestre e agora veio para 0,9%. No setor de transformação, os percentuais foram de 1,2%, 1,4% e 1,1%.

Segundo o Itaú Unibanco, os primeiros indicadores coincidentes – confiança da indústria, utilização da capacidade instalada, dados semanais de comércio exterior e consumo de energia e prévias do setor de automóveis – sinalizam alta de 0,3% da produção industrial em outubro.

Já a Pezco projeta um avanço de 0,5%. Além dos indicadores antecedentes, Helcio Takeda, da Pezco, explica que tem procurado incorporar um componente qualitativo aos seus cálculos. “O varejo no fim do ano deve ser melhor [do que em 2016], então pode haver alguma recomposição de estoques para atender a essa expectativa.”

Apesar da projeção de aceleração para a produção industrial em outubro, os economistas divergem quanto ao quarto trimestre. “Já se esperava uma desaceleração no terceiro trimestre porque, no primeiro e no segundo [trimestres], houve contribuição positiva de recomposição de estoques, além do FGTS que impulsionou o consumo, ajudando a produção. Passado esse estímulo, era esperada uma acomodação na taxa de crescimento e isso deve acontecer de novo no quarto trimestre”, afirma Takeda.

Já Flávio Serrano, do Haitong, acredita em movimento contrário. “Quando se tem estoque baixo e economia crescendo, naturalmente a produção tende a crescer, então daria para esperar uma aceleração de ritmo no quarto trimestre e no primeiro trimestre do ano que vem”, diz.

A estimativa do ministro do Planejamento, Dyogo de Oliveira, de que a produção industrial deve crescer entre 2,5% e 3% este ano é considerada provável pelo Haitong. Isso significaria que a indústria voltaria a crescer algo entre 1% e 1,5% de outubro a dezembro, na comparação com o trimestre anterior. Caso a produção industrial se mantivesse no nível de setembro até o fim do ano, o setor registraria avanço de 2,2% em 2017, calcula Alberto Ramos, do Goldman Sachs.