Por André Ramalho, Rodrigo Polito, Juliano Basile e Rodrigo Rocha – Valor Econômico

A Petrobras reduziu em 23%, ao longo dos últimos três meses, seu endividamento com prazo de amortização revisto para os próximos quatro anos. Em encontro com investidores em Nova York, o presidente da companhia, Pedro Parente, disse ontem que a empresa continuará monitorando oportunidades no mercado para alongamento da dívida.

Segundo dados apresentados pelo executivo, a estatal encerrou o terceiro trimestre com US$ 44,1 bilhões de dívidas com vencimento entre 2018 e 2021. O montante é US$ 13,4 bilhões menor que o cronograma de amortização de dívidas divulgado pela Petrobras ao fim do segundo trimestre.

“Nós vamos estar sempre preparados para bons momentos de mercado e boas oportunidades. Não tenho uma resposta se vamos ou não fazer [novas operações de alongamento da dívida]. Vamos fazer sempre que as condições de mercado forem favoráveis”, disse Parente em Nova York.

A redução foi possível graças a operações de refinanciamento da dívida, para alongamento do perfil do endividamento. Parente, contudo, destacou, que a empresa só tem feito operações de reperfilamento da dívida com “custos adequados”.

“Não é que se pegou tudo e jogou para daqui a dois anos. Você espalhou ao longo do tempo. Foi um trabalho bem-sucedido de reperfilamento da dívida, de alongar. E lembrando sempre que a gente só faz isso quando tem custos adequados. Não estamos pagando mais caro por isso, não”, afirmou o presidente.

A Petrobras vem realizando uma série de operações de pré-pagamento, renegociação e novas contratações de financiamentos. A companhia informou que, recentemente, fechou operações de pré-pagamento de financiamentos no valor de US$ 2,666 bilhões, com três instituições diferentes: BNP Paribas (US$ 1 bilhão, com vencimento em 2019); Bank of China (US$ 1 bilhão, com prazo original para 2019); e HSBC (US$ 666 milhões, com vencimento em 2018).

A estatal também fechou uma operação com o Bank of America, para pré-pagamento de US$ 1,5 bilhão, com vencimentos originais em 2018 e 2019, e tomada de um novo financiamento no valor de US$ 1,125 bilhão, com prazos de vencimento entre 2022 e 2023.

A Petrobras também informou a negociação para alongamento de um financiamento de US$ 570 milhões com o Banco Mizuho, cujo vencimento original marcado para 2018 e 2019 foi postergado para 2021 e 2022. A petroleira também anunciou uma liquidação de uma operação de financiamento de R$ 1,4 bilhão com o BNDES, vinculado à Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III, cujo processo de desinvestimento foi anunciado no dia 11 de setembro. O vencimento original da dívida era 2024.

Durante apresentação feita no “Petrobras Day”, na Bolsa de Valores de Nova York, a estatal reafirmou sua meta de desalavancagem para 2,5 vezes a dívida líquida sobre o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ao fim do próximo ano.

Parente comentou, ainda, que as chances da Petrobras de cortar os investimentos previstos para este ano, para abaixo dos US$ 17 bilhões previstos, ficaram reduzidas depois que a companhia se comprometeu com um bônus de assinatura de R$ 1,8 bilhão pelos blocos arrematados na 14ª Rodada.

“Eu acho que essa chance de [o investimento] ficar abaixo de US$ 17 bilhões reduziu, inclusive por conta do leilão da semana passada”, disse o executivo.