Por Daniela Chiaretti, Rafael Bitencourt e Cristiane Bonfanti – Valor Econômico

18/03/2018 – 14:14

BRASÍLIA – A necessidade de um modelo de regulação eficiente para o setor de água e esgoto é “um nó” para ampliar o acesso a água e coleta e tratamento de esgoto no país, declarou neste domingo Teresa Vernaglia, presidente da BRK Ambiental, no painel de líderes empresariais do Water Business Day, dentro do 8º Fórum Mundial da Água, que acontece em Brasília.

“Quando o setor jurídico de uma empresa de saneamento trabalha mais que o de engenharia, algo está errado”, disse a executiva da maior operadora privada de saneamento do Brasil.

Como exemplo de dificuldades jurídicas e regulatórias, Teresa citou o caso de Erechim, cidade de 100 mil habitantes no Rio Grande do Sul, que não tem coleta nem e tratamento de esgoto.

“Foi a primeira licitação em 12 meses que o país teve, e o projeto foi paralisado”, disse. “Havia investimento privado preparado para entrar, nosso papel é virar a chave, mas não ocorreu.”

Os contratos da BRK (antiga Odebrecht Ambiental, agora sob nova gestão e nome) têm horizonte de 30 anos, e a instabilidade regulatória pode produzir paralisia na universalização do saneamento no Brasil, alertou a executiva.

Ela lembrou que 35 milhões de brasileiros não têm acesso à água tratada, “o que equivale à população do Canadá”. Ela disse também que a perda de água “chega a sete Cantareiras por ano” e que “hoje a cada dois brasileiros, um vive no esgoto. E jogamos nos mananciais e rios esgoto bruto.”

Em seus projetos, a empresa tem 15% de perda, o que é considerado um “benchmark” em termos nacionais. Água de reuso, segundo Teresa, é nova fronteira para o setor no país. Ela acrescenta que o tratamento de esgoto deve ter prioridade e defendeu que o tema seja levado para a agenda política para viabilizar os R$ 20 bilhões anuais em recursos necessários para universalizar esses dois serviços.

“Precisamos dar mais visibilidade para o tema saneamento como forma de mitigar a escassez de água”, disse a executiva.