Por Carolina Mandl e Vanessa Adachi – Valor Econômico

A abundância de recursos no mundo e os sinais de recuperação da economia devem fazer de 2017 o ano com o maior volume de ofertas de ações desde 2009, quando o mercado de capitais brasileiro teve o segundo melhor desempenho de sua história. Desde janeiro, as empresas levantaram R$ 24,56 bilhões na bolsa de valores e há pelo menos mais R$ 10 bilhões a caminho, com as ofertas já registradas de Camil, Tivit, Vulcabras, Neoenergia, Eneva e Magazine Luiza.

Só com essas operações o volume já seria suficiente para ultrapassar 2010, que registrou a soma de R$ 31,8 bilhões em captações na bolsa, se excluída a capitalização da Petrobras, que movimentou sozinha R$ 120 bilhões naquele ano.

Há empresas com planos de estrear na bolsa – entre elas, Centauro, BR Distribuidora, Algar Telecom e Burger King. Se as operações forem concretizadas, engordarão ainda mais as estatísticas e colocarão 2017 atrás apenas de 2007, ano recorde dos IPOs (sigla em inglês das ofertas públicas iniciais) e dos “follow-ons” (ofertas subsequentes), com R$ 75,5 bilhões.

E é esse ambiente que tem levado os bancos a revisar para cima suas projeções de ofertas para o ano, caso do Bradesco BBI, que elevou de R$ 40 bilhões para algo entre R$ 45 bilhões e R$ 50 bilhões. “Houve um aquecimento ao longo do ano, porque os investidores começaram a ver os números da economia brasileira melhorarem e os resultados das empresas crescerem, além da perspectiva de queda de juros”, diz o diretor do banco, Glenn Mallet. Para o Bank of America Merrill Lynch, as ofertas de ações podem somar R$ 50 bilhões, cifra bastante similar à prevista pelo BTG Pactual.

Para Fábio Nazari, chefe de mercado de capitais do BTG Pactual, o Brasil pode estar no início de um ciclo semelhante ao que ocorreu em 2006 e 2007, de forte movimentação no mercado de ações. “Os grandes fundos globais ainda não entraram para valer em Brasil. Por ora, só os voltados para América Latina. Quando os globais vierem, e acredito que virão, poderemos ver um grande fluxo para ofertas de ações até 2019”, diz ele.