Conexão permite o desenvolvimento de determinas áreas

Claudio Bernardes – Folha de São Paulo

11.jun.2018 às 2h00

A infraestrutura é, normalmente, agregada ao ambiente natural para compor o espaço urbano e atender as necessidades das pessoas que vivem nas cidades, principalmente no que diz respeito a saneamento, transportes, drenagem, energia e telecomunicações.

O mercado imobiliário, de forma complementar, é responsável pela grande maioria dos espaços construídos, e atende as necessidades de moradia, locais para trabalho, compras e lazer dos cidadãos.

Portanto, os dois devem caminhar juntos. Essa conexão permite que sistemas de infraestrutura sejam utilizados para desenvolver determinadas áreas, por meio da atração de investimentos imobiliários.

Sem dúvida, é relevante a qualidade da infraestrutura e da demanda na definição de produtos e investimentos imobiliários. Isso significa que o planejamento de longo prazo, envolvendo a demanda imobiliária e a consequente demanda por infraestrutura é essencial para o crescimento equilibrado dos centros urbanos.

Infraestrutura de alta qualidade, confiável, segura, resiliente e amigável ao usuário contribui para o bom funcionamento das cidades, a atração de novos moradores e a retenção dos existentes, aspecto essencial para o crescimento e a consolidação do mercado imobiliário.

Pesquisa realizada entre investidores imobiliários e publicada pelo ULI (Urban Land Institute) mostrou que as categorias de infraestrutura, telecomunicações e conectividade seriam, hoje, as mais importantes para o mercado. Conectividade adequada definida como sendo a proximidade com o sistema de transportes e, no que diz respeito a telecomunicações, internet de alta velocidade, que parece ser essencial.

A necessidade de crescimento do mercado para atendimento da demanda requer diferentes níveis de adensamento para a viabilização econômica de determinados empreendimentos. Por outro lado, não há como implementar maiores densidades de ocupação sem infraestrutura adequada, o que só se consegue com planejamento e recursos suficientes.

Nem sempre os investimentos na cidade são originados integralmente de orçamento público. Uma das alternativas é a parceria entre os setores público e privado para viabilizar a implantação de infraestrutura associada a determinados empreendimentos imobiliários. Esse modelo pode ser viável se os custos de melhoria da infraestrutura e das condições de mercado possibilitarem a viabilidade econômica do negócio.

Contudo, a implantação de infraestrutura não é apenas um mecanismo que torna possível o adensamento, e pode ajudar o mercado imobiliário de outras formas.

Um dos exemplos da influência da infraestrutura no setor é o processamento de informações para melhorar o desempenho dos sistemas urbanos (smart cities, cidades inteligentes).

A primeira onda de cidades inteligentes está focada em melhorar a eficiência da infraestrutura, particularmente os serviços públicos como energia, saneamento e sistemas de transporte. No entanto, o potencial estende-se muito além das utilidades e dos transportes, potencialmente impactando áreas tão diversas quanto governança, saúde, educação e segurança.

A inserção de produtos imobiliários em regiões com ambiente tecnologicamente diferenciado fará com que eles tenham maior valor de venda e liquidez. Além disso, esses imóveis terão flexibilidade de operação e poderão se ajustar mais facilmente à futura tendência do mercado imobiliário, na qual a venda de ativos é substituída pela venda de serviços.

Claudio Bernardes é engenheiro civil e presidente do Conselho Consultivo do Secovi-SP.