Por Andrea Vialli – Valor Econômico

23/03/2018 – 05:00

Os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), conjunto de 17 grandes metas que os países-membros das Nações Unidos assumiram após a conferência Rio+20, ainda são relativamente recentes – passaram a vigorar a partir de 2015. O ODS-6, que diz respeito a garantir acesso universal à água e saneamento básico até 2030 é considerado um dos mais desafiadores, por isso a ONU Água (UN Water) desenvolveu uma abordagem para monitorar o cumprimento da meta.

A Iniciativa de Monitoramento Integrado para o ODS-6 engloba três programas com parceiros diferentes – um relacionado à água e indicadores de saúde, com a Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Unicef; outro sobre avaliação global da cobertura do saneamento e o terceiro, sobre a integração do ODS-6 com os demais objetivos. A ONU Água prepara, ainda para este ano, um relatório-síntese sobre o atual status do cumprimento da meta, que deve ajudar os países a elaborarem políticas para enfrentarem a questão.

“Alcançar o ODS-6 é um passo fundamental para se atingir as outras metas”, diz Stefan Uhlenbrook, coordenador do programa de monitoramento integrado da ONU Água. Um dos receios das Nações Unidas é que os avanços na universalização dos serviços de água e saneamento básico sejam muito lentos. As Metas do Milênio, o conjunto de compromissos assumidos entre os período de 2000 a 2015, anterior aos ODS, trouxeram avanços na questão – mas o mundo esteve longe de cumprir o objetivo de garantir acesso a saneamento básico à metade da população, por exemplo.

Entre 2000 e 2015, a população global com acesso a pelo menos um serviço básico de água aumentou de 81% para 89%, mas ainda são 2,1 bilhões de pessoas sem acesso a água potável em casa. Hoje, apenas um em cada cinco países com menos de 95% de cobertura dos serviços básicos em 2015 está no caminho para alcançar a universalização dos serviços de água até 2030. No saneamento, o grande desafio até 2030 é assegurar condições mínimas de higiene e eliminar a defecação em áreas abertas, prática ainda corriqueira para 892 milhões de pessoas, especialmente em áreas rurais. Entre 2000 e 2015, a população global com acesso a pelo menos um serviço de saneamento básico cresceu de 59% para 68%, mas 4,5 bilhões ainda carecem de coleta e tratamento de esgotos.