Por Daniel Rittner, Raphael Di Cunto e Marcelo Ribeiro – Valor Econômico

11/04/2018 – 05:00

Em um esforço para reverter o desânimo do mercado e agilizar iniciativas prioritárias de sua nova pasta, como a privatização da Eletrobras e a reforma do setor elétrico, o ministro Moreira Franco (Minas e Energia) entrou ontem em campo na tentativa, segundo suas próprias palavras, de dar uma “animada nas coisas”. Antes mesmo da posse, no início da tarde, usou seu capital político para mobilizar o governo e a base aliada em torno das prioridades do ministério.

Moreira cobrou rapidez do presidente do BNDES, Dyogo de Oliveira, na elaboração dos estudos para o aumento de capital da Eletrobras. Teve uma conversa com o líder do governo na Câmara, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), para fazer um diagnóstico sobre a paralisia nos trabalhos da comissão especial que analisa o projeto enviado ao Congresso. E pediu à Casa Civil para concluir a avaliação do novo marco regulatório do setor elétrico, cujo texto foi fechado pela equipe anterior do ministério, mas que está travado no Palácio do Planalto.

“Vamos animar as coisas”, disse Moreira, em conversa com o Valor em seu gabinete, minutos depois da posse. Lembrado sobre as queixas do relator, José Carlos Aleluia (DEM-BA), ele se mostrou otimista com uma melhoria da coordenação política e com o cumprimento dos planos de concretizar a emissão de ações no segundo semestre.

“Conversei com o líder Aguinaldo Ribeiro para que ele nos ajude no Congresso. Estamos preparando uma ação parlamentar. Tenho confiança de que faremos andar no Congresso. E espero que o presidente [da Câmara] Rodrigo Maia colabore para que possamos criar um ambiente favorável”, disse.

Maia, por sua vez, afirmou ontem que é “bobeira” a notícia de que vai segurar a tramitação do projeto de lei da privatização da Eletrobras, porque discordaria da nomeação de Moreira Franco para Minas e Energia.

“Claro que vai tramitar. Acho que a articulação do ministro Moreira aqui não é boa, e a comissão já vai muito mal. Única coisa que eu disse é que, se a base não se organizar, vai ficar muito difícil votar. Mas vou pautar, porque sou a favor e entendo que é muito difícil para o Brasil”, afirmou ao Valor.

Moreira recebeu ontem o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Jr., para uma reunião no Planalto. Além da confirmação de que o executivo ficará no cargo, em meio à debandada de técnicos respeitados pelo mercado, o ministro acertou a constituição de uma espécie de força-tarefa para acompanhar os processos de venda das seis distribuidoras controladas pela empresa e as participações em 70 sociedades de propósito específico (SPEs) de geração e transmissão.

De acordo com o ministro, Ferreira lhe fez “uma exposição detalhada, mas preocupante” sobre a situação financeira da estatal. “É a 16ª maior empresa de energia do mundo, mas só fica entre as 50 maiores em valor de mercado. O tamanho não corresponde aos seus resultados financeiros.”

Sem uma capitalização, a Eletrobras não terá como acompanhar as necessidades de investimento, já que a economia se recupera e requer mais obras no setor. “Daí a principal razão para capitalizar. Temos que acelerar isso.”

Moreira Franco ainda não fez mais nomeações em sua equipe. Ele levará seu secretário-executivo na Secretaria-Geral, Joaquim Lima, provavelmente como chefe de gabinete. Tem buscado quadros e orientações com o economista Adriano Pires, a quem conhece há mais de duas décadas, mas ele não exercerá cargo formal.