Por Wanise Ferreira – Valor Econômico

A economia digital se fortalece ao mesmo tempo em que uma crise econômica prolongada vem abalando estruturas corporativas. Somados, esses dois fatores impõem desafios tanto para os profissionais que buscam aperfeiçoamento ou reposicionamento quanto para as próprias empresas que precisam decidir em quem e como investir para ter mais qualificação para enfrentar turbulências e estabelecer novos modelos de negócios.

“As empresas vêm enxugando suas estruturas desde 2013, revendo organogramas, e quem fica nessas companhias passa a ser cobrado por mais resultados”, diz Marcelo Apovian, managing partner da Signium, consultoria americana focada no recrutamento executivo. Na sua avaliação, aumenta a consciência nas corporações de que os que permanecem precisam ser qualificados em suas especialidades.

Mas é preciso ver como será feito esse investimento. “As empresas precisam investir nos profissionais estratégicos e isso não pressupõe apenas executivos e diretores, mas também em outros departamentos”, afirma Celso Bazzola, consultor da Bazz Estratégia e Operação de RH.

Na sua avaliação, esse caminho precisa passar por avaliações de resultado, o que dá mais importância para a área de recursos humanos das companhias. “O RH possui ferramentas de gestão para identificar quem são esses funcionários estratégicos”, diz. O próximo passo é trabalhar a resiliência das equipes, a formação de lideranças e o conhecimento dos produtos que são comercializados por essas companhias e entender o mercado em que atuam.

Para Apovian, o executivo brasileiro tem muito interesse pela inovação, mas na prática não aderiu ao perfil digital. “Há oportunidades gigantes na economia digital, as empresas estão percebendo e suas equipes precisam participar desse processo”, afirma.

Ele diz que das duas posições em alta no mercado de trabalho, uma é o CDO (Chief Digital Officer). “Os empresários podem até não saber exatamente o que isso representa na prática, mas querem ter um CDO próximo para ouvi-lo e aprender com ele”, observa. As turbulências no quadro político, por sua vez, levaram ao aquecimento da outra posição, o profissional responsável pelas regras de compliance.

Os executivos também devem buscar o aperfeiçoamento. Segundo Bazzola, uma das áreas que devem procurar ajuda é a comportamental, partilhando com especialistas em trabalhos de mentoria e coaching as suas necessidades e experiências.

“Hoje cerca de 70% dos profissionais de RH têm formação de coaching”, comenta. Com esses times de especialistas, o profissional pode fazer um planejamento estratégico de sua carreira para os próximos anos e seguir os passos indicados para atingir seus objetivos.

O coaching também ajuda na transição de carreiras. “Em vez de procurar outro emprego, o profissional aproveita para iniciar outra atividade com a qual tem mais afinidade”, diz Alexandre Rangel, psicólogo, coach e membro da Alliance Coaching.