Por Andrea Jubé, Carla Araújo e Daniel Rittner – Valor Econômico

27/11/2018 – 05:00

O general de Exército Joaquim Maia Brandão Júnior, atual assessor-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, está cotado para assumir o Ministério da Infraestrutura no futuro governo Jair Bolsonaro. A informação foi confirmada ao Valor por uma fonte do primeiro escalão do gabinete de transição, e por um interlocutor de Brandão.

De trato cordial, Brandão também foi chefe do Departamento de Engenharia e Construção (DEC) do Exército, em gestão anterior à do general Oswaldo Ferreira – até então, o provável titular da pasta no futuro governo.

Ferreira coordenou a área de infraestrutura na pré-campanha de Bolsonaro, acompanhou o então candidato nos últimos meses e integra o gabinete de transição. Ferreira era considerado pule de dez no comando da Infraestrutura no próximo governo, mas recentemente declinou do convite para o ministério, alegando razões pessoais para a desistência.

O Valor apurou que a indicação do general Brandão para o cargo tem o aval de Ferreira, tanto pela proximidade entre ambos quanto pela identificação com as funções que exerceram à frente do DEC.

Brandão comandou o Departamento de Engenharia do Exército no auge do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), quando os militares foram acionados para uma série de obras relevantes, como a transposição do rio São Francisco, a terraplenagem do aeroporto de Vitória e do aeroporto de Guarulhos, e a duplicação da BR-101 em Pernambuco. Havia pelo menos 15 mil soldados em campo para as obras de grande porte.

Apesar das críticas que a empreiteira militar costuma receber do setor privado, por conta de sua “intervenção” no mercado, o fato é que os militares estão à frente de obras de infraestrutura desde 1880, quando foram convocados a entrar na construção de estradas de ferro e linhas telegráficas. Só mudaram as obras.

Coube à divisão de obras do Exército deflagrar as obras da transposição das águas do rio São Francisco ainda em 2007, no segundo mandato de Lula, num momento em que os processos licitatórios estavam atrasados, e o presidente exigia pressa no início dos trabalhos.

“Deu problema? Chama a cavalaria. E a cavalaria é o Exército”, disse o general Brandão em uma entrevista concedida ao Valor em 2012.

A configuração da pasta ainda está em estudo no gabinete de transição. A versão mais recente do desenho ministerial prevê que a pasta abarcará três áreas distintas da infraestrutura: toda a parte logística (hoje alocada no Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil); habitação, saneamento e mobilidade urbana (atualmente nas mãos do Ministério das Cidades); e os programas de recursos hídricos, como a transposição do rio São Francisco e diversas obras complementares do sistema (por enquanto na órbita do Ministério da Integração Nacional).

No entanto, a área de telecomunicações deverá ser mantida no Ministério de Ciência e Tecnologia, que ficará com o astronauta Marcos Pontes. Inicialmente, a ideia era que fosse para a superpasta da Infraestrutura. Pontes, portanto, provavelmente terá sob seu guarda-chuva questões como radiodifusão e banda larga. No esboço original, as pastas de Cidades e Integração Nacional seriam reunidas em uma só.