Por Alexandro Martello, G1, Brasília

11/12/2017 08h28

Ao mesmo tempo, economistas dos bancos voltaram a elevar sua estimativa para o crescimento do PIB de 2017, que passou de 0,89% para 0,91%.

Os economistas do mercado financeiro voltaram a estimar que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficará abaixo do piso de 3% do sistema de metas de inflação neste ano e também elevaram novamente sua estimativa para o crescimento da economia em 2017.

As expectativas do mercado constam no relatório de mercado, também conhecido como “Focus”, feito com base em pesquisa realizada na semana passada pelo autoridade monetária com mais de 100 instituições financeiras.

De acordo com o levantamento do BC, a inflação deste ano deve ficar em 2,88%, na mediana. No relatório anterior, feito com base nas previsões coletadas pelo Banco Central na semana retrasada, os economistas estimavam que a inflação ficaria em 3,03%.

A nova previsão mantém a inflação abaixo da meta central para o ano, que é de 4,5%, e, também, abaixo do piso de 3% do sistema brasileiro de metas – algo que, se for confirmado, ocorrerá pela primeira vez no regime de metas, que começou em 1999.

Em setembro deste ano, os analistas das instituições financeiras já tinham estimado que o IPCA ficaria abaixo de 3% em 2017, mas a previsão acabou subindo nas semanas seguintes.

A expectativa de que o IPCA ficará abaixo de 3% neste ano acontece após a divulgação da inflação de novembro – que ficou abaixo da previsão do mercado financeiro.

Se a expectativa do mercado se confirmar, a inflação deste ano também será a menor desde 1998 – quando somou 1,65%, segundo a série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Para 2018, a previsão do mercado financeiro para a inflação ficou estável em 4,02% na última semana. O índice segue abaixo da meta central (que também é de 4,5%) e do teto de 6% fixado para o período.

Sistema de metas de inflação

A meta de inflação é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e deve ser perseguida pelo Banco Central, que, para alcançá-la, eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia (Selic).

Pelo sistema brasileiro, a meta central é de 4,5% para este ano e para 2018, com um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo, de modo que a inflação pode ficar entre 3% e 6% sem que seja formalmente descumprida.

Quando a meta de inflação é descumprida, o presidente do Banco Central, neste caso Ilan Goldfajn, tem de escrever uma carta pública ao ministro da Fazenda explicando as razões para a variação fora da previsão.

PIB e juros

Para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2017, o mercado financeiro subiu sua estimativa de crescimento de 0,89% para 0,91% na semana passada. Essa foi a segunda alta seguida no indicador.

Para 2018, os economistas das instituições financeiras elevaram a estimativa de expansão da economia de 2,60% para 2,62%. Nesse caso, foi o quarto aumento seguido na previsão.

O mercado financeiro também manteve sua previsão para a taxa básica de juros da economia, a Selic, em 7% ao ano para o fechamento de 2018. Atualmente, a taxa está em 7,5% ao ano.

Câmbio, balança e investimentos

Na edição desta semana do relatório Focus, a projeção do mercado financeiro para a taxa de câmbio no fim de 2017 permaneceu em R$ 3,25.

Para o fechamento de 2018, a previsão dos economistas para a moeda norte-americana ficou estável em R$ 3,30.

A projeção do boletim Focus para o resultado da balança comercial (resultado do total de exportações menos as importações), em 2017, recuou de US$ 66 bilhões para US$ 65,5 bilhões de resultado positivo.

Para o próximo ano, a estimativa dos especialistas do mercado para o superávit subiu de US$ 52 bilhões para US$ 52,5 bilhões.

A previsão do relatório para a entrada de investimentos estrangeiros diretos no Brasil, em 2017, avançou de US$ 78 bilhões para US$ 80 bilhões. Para 2018, a estimativa dos analistas ficou estável também em US$ 80 bilhões.