Por Chrystiane Silva – Valor Econômico

Mesmo após o Ibovespa ter alcançado seu recorde histórico, analistas consultados pelo ValorPro, serviço de informações em tempo real do Valor, não só mantêm o otimismo com o desempenho da bolsa de valores como passaram a revisar seus cenários. Projeções colhidas junto a 11 instituições que atuam nesse mercado apontam para uma valorização média adicional de 5% até o fim do ano, para cerca de 80 mil pontos. Para 2018, as estimativas chegam a superar 100 mil pontos. Ontem, a bolsa fechou praticamente estável, aos 75.974 pontos.

As novas projeções se baseiam na visão de que o lucro das empresas vai crescer em um cenário de retomada gradual da economia e, principalmente, de queda dos juros. Hoje, o mercado trabalha com a projeção de uma taxa Selic de 7% até o fim de 2018. O ambiente político, considerado hoje menos adverso, é outro elemento que entra na conta dos agentes.

A safra de balanços do segundo trimestre já trouxe bons indicadores, confirmando a leitura de que as companhias, assim como a economia, poderão iniciar uma trajetória firme de recuperação. O estrategista da Itaú BBA Corretora, Luiz Cherman, observa que 41% das empresas acompanhadas pela instituição apresentaram resultados melhores que os esperados.

Em grande medida, quem tem sustentado a recuperação do mercado de ações é o investidor estrangeiro, como reflexo de um ambiente global favorável ao risco. Desde o início do ano, os não residentes já colocaram R$ 14,28 bilhões na bolsa brasileira.

O economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, afirma que, a despeito da péssima situação fiscal e da enorme incerteza quanto à reforma da Previdência, existe uma “torcida”, combinada com tolerância por parte dos investidores, que favorece o Ibovespa.

Esse paradoxo é abordado em artigo de Jonathan Wheatley, do “Financial Times”, que discute a sustentabilidade dessa tendência de alta da bolsa brasileira em meio a um cenário de grave crise política que se arrasta há mais de um ano.