Por Fabio Graner – Valor Econômico

No primeiro mês de vigência da reforma trabalhista, o mercado de trabalho brasileiro registrou fechamento líquido de 12.292 vagas e interrompeu uma sequência de sete altas seguidas, segundo os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de novembro. Os dados apresentados mostraram criação líquida de 3.067 vagas de trabalho intermitente, no qual o funcionário contratado é pago apenas quando é chamado a fazer um serviço.

O resultado foi pior do que as projeções dos economistas consultados pelo Valor Data, que apontavam para criação de 26,6 mil postos de trabalho. Nenhuma das estimativas era de queda no número de vagas. Sete de oito setores econômicos tiveram destruição de vagas em novembro, segundo os dados do ministério. Apenas o comércio registrou saldo positivo, de 68.602 vagas. A indústria fechou 29.006 vagas, serviços, 2.972 postos e agricultura, 21.761.

Ao divulgar os números, o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, que no fim da tarde anunciou que estava deixando o cargo, minimizou o resultado negativo e disse que o fechamento de vagas não significa interrupção do processo de crescimento econômico.

Segundo ele, novembro tem tendência a apresentar saldos negativos na geração de postos formais de trabalho em anos com crescimento inferior a 2%. Nogueira considerou que o resultado não pode ser lamentado, já que o total de vagas fechadas foi um décimo do verificado em novembro de 2016 e também destacou que houve aumento do emprego na maioria das regiões do país, exceto para Sudeste e Centro-Oeste.

O ministro afirmou que o Brasil deve encerrar 2017 com um resultado em torno da neutralidade em termos de geração de postos formais. “Espero que não tenhamos saldo negativo de empregos no fechamento de 2017”, afirmou.

Apesar disso, Mário Magalhães, coordenador-geral de Cadastro, Identificação Profissional e Estudos do ministério, disse que a chance de um número levemente negativo no ano é maior do que de um resultado final positivo, considerado remoto.

Para 2018, o ministério apresentou um cenário bastante otimista. Se a economia brasileira crescer 3% em 2018, deverão ser gerados 1,781 milhão de empregos no período. Caso o Produto Interno Bruto (PIB) nacional cresça 3,5% no ano que vem, o que é projetado por alguns analistas privados, o número líquido de postos formais criados deve ser próximo de 2,002 milhões.

“Tenho certeza de que, no fim de 2018, estaremos comemorando mais de 2 milhões de empregos”, disse Nogueira, logo após ressaltar que a projeção oficial é a que considera crescimento de 3% para o PIB em 2018. Durante entrevista, Nogueira desvinculou o fechamento de postos em novembro da reforma trabalhista e disse acreditar que os resultados dela serão colhidos em 2018.

No acumulado do ano, o saldo líquido de contratações até novembro é de 299.635 vagas, considerando o dado com ajuste (que considera declarações fora do prazo). Por outro lado, no acumulado em 12 meses até novembro, houve fechamento de 178.528 postos de trabalho.

A modalidade de trabalho em tempo parcial, também regulamentada na reforma trabalhista para jornadas semanais superiores a 24 horas, teve criação líquida de 231 vagas.