Por Claudia Safatle e Edna Simão – Valor Econômico

12/11/2018 – 05:00

É praticamente certa a ida do economista e ex-ministro da Fazenda Joaquim Levy, atualmente diretor financeiro do Banco Mundial, para a presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no governo do presidente eleito, Jair Bolsonaro. Ele entra no lugar de Dyogo Oliveira. Para oficializar o nome de Levy, no entanto, Bolsonaro aguarda algumas acomodações políticas: precisa vencer resistências de sua base de militância nas redes sociais.

A argumentação é que Levy foi ministro da Fazenda no governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e secretário de Fazenda do Rio no governo de Sérgio Cabral. Levy ocupou ainda o cargo de secretário do Tesouro Nacional entre 2003 e 2006. Antes de tornar-se ministro, em 2014, Levy estava na iniciativa privada, como chefe da Bradesco Asset Management.

Nascido em 1961, no Rio, ele é formado em Engenharia Naval e tem Doutorado em Economia pela Universidade de Chicago, a mesma por onde passou o futuro superministro da Economia, Paulo Guedes, e que é conhecida por seu viés bastante liberal na economia.

Levy comandou a pasta da Fazenda no primeiro ano da segunda gestão de Dilma Rousseff. Propôs uma série de medidas para um amplo ajuste fiscal e iniciou a redução dos subsídios concedidos nos créditos do BNDES, inchados por cerca de R$ 500 bilhões de empréstimos do Tesouro para financiar, sobretudo, o Programa de Sustentação dos Investimentos (PSI).

Ainda na transição, em 2014, Levy aumentou a TJLP, juros cobrados nos financiamentos do BNDES, e que estavam bem abaixo da taxa Selic, configurando uma conta de subsídios pesada.

Em 2015, o BNDES devolveu R$ 30 bilhões ao Tesouro. Nos anos seguintes, já com Henrique Meirelles na Fazenda, a devolução foi acelerada e crucial para o cumprimento da regra de ouro da política fiscal, que proíbe que as operações de crédito da União superem as despesas de capital. O BNDES tem, hoje, uma programação para devolução ao Tesouro Nacional.

Na condução da Secretaria de Fazenda do Rio, a marca de Levy foi também um forte ajuste fiscal nas contas do governo, depois novamente deterioradas. Levy havia sido sondado oficialmente logo que o novo governo iniciou o processo de transição.