Por Estevão Taiar e Thais Carrança – Valor Econômico

O otimismo maior que já se refletia nos ativos do mercado financeiro e levou a bolsa de valores local a consecutivos recordes parece estar chegando também às projeções macroeconômicas. Além dos analistas consultados no boletim Focus, do Banco Central, pelo menos três instituições, dos setores privado e público, revisaram para cima nos últimos dias as projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) 2018 e alguns também a de 2017.

O banco Fibra, que já costuma liderar o grupo do cenário mais benigno, surpreendeu, no entanto, ao divulgar relatório ontem em que eleva a já otimista previsão de crescimento de 3,7% em 2018 para um índice ainda maior: 4,1%. Para 2017, a estimativa teve ligeira revisão: passou de 0,7% para 0,8%.

No texto, o banco afirma que a expectativa de alta superior a 4% em 2018 foi oficializada “sobretudo por conta do impacto da queda da taxa de juros real sobre a demanda agregada nos próximos trimestres”. Essa estimativa mais otimista ganhou força por fatores como a expectativa de manutenção de crescimento sincronizado entre a China e economias desenvolvidas; melhora dos índices de confiança dos “principais setores da economia”, como indústria, serviços, comércio e construção civil; desinflação maior do que esperada, beneficiando o consumo das famílias; a recuperação do mercado de crédito, após “um forte processo” de desalavancagem de famílias e empresas, e estimativas recentes, “que mostram aumento da potência da política monetária”.

Nesse último caso, o banco cita a aprovação da Taxa de Longo Prazo (TLP) e as iniciativas contidas na Agenda BC+, conjunto de medidas apresentadas pelo Banco Central.

A Instituição Fiscal Independente (IFI), por exemplo, alterou suas projeções de 0,46% para 0,7% para o PIB deste ano e de 1,96% para 2,3% para o ano que vem. Um dos motivos para a mudança, segundo o órgão ligado ao Senado, foi o crescimento de 0,2% do PIB no segundo trimestre, acima do esperado por analistas.

Essa alteração também foi feita devido ao “desempenho dos indicadores econômicos de alta frequência” no terceiro trimestre, escreve a instituição no Relatório de Acompanhamento Fiscal de outubro, divulgado ontem. Entre esses indicadores, estão as vendas do varejo ampliado, que inclui automóveis e materiais de construção, e a produção industrial. “Esses dados apontam, em conjunto, para elevação moderada da atividade produtiva (0,2%) no terceiro trimestre”, diz o texto.

Segundo a IFI, o dado negativo da produção industrial de agosto (queda de 0,8% na comparação mensal ajustada), isoladamente, não altera essa visão. Novo protagonista no processo de retomada da economia, o consumo das famílias é projetado em alta de 0,8% neste ano, com o consumo do governo (-1,7%) e investimentos (-2,8%) ainda em queda. Em 2018, os três componentes da demanda interna são estimados no azul, com destaque para os investimentos, projetado em alta de 4,5%.

Na semana passada, o Itaú já havia revisado para cima a projeção para o ano que vem, de 2,7% para 3%. A mudança nos cálculos foi feita por causa de novas estimativas para a Selic, que, segundo o banco, terminará o ciclo de queda em 6,5%, e não mais em 7% como previsto anteriormente. Para 2017, a previsão de 0,8% de expansão do PIB foi mantida.

Os analistas ouvidos pelo BC, no boletim Focus, elevaram a estimativa para 2018 pela quinta semana seguida, desta vez de 2,38% para 2,43%. Para este ano, a projeção ficou estável, em 0,7%. (Colaborou Gabriel Caprioli, de São Paulo).