Por Assis Moreira – Valor Econômico

Indicadores compostos da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Economico (OCDE), que procuram antecipar momentos de virada da atividade em relação a à tendência de seis a nove meses anteriores, apontam “consolidação do crescimento” no Brasil. Nos indicadores da OCDE, em que 100 representa a média de longo prazo, o índice do Brasil passou de 101,6 em fevereiro para 103,3 em setembro.

O levantamento aponta crescimento estável nos EUA, Japão, zona do euro e Canadá. Sinaliza tendência positiva de expansão economica na Itália e na Alemanha. Já as perspectivas se degradaram no Reino Unido, com intensificação da tendência de baixa do crescimento, ainda mais com o impacto do Brexit (saída do país da União Europeia). Nos emergentes, além de crescimento mais firme do Brasil, a OCDE destaca sinais positivos no setor industrial na China e expansão estável na Índia e Rússia.

A Organização Mundial do Comércio (OMC), por sua vez, considera que a América do Sul, em particular, “deve representar um obstáculo menor para a economia mundial no futuro, já que o Brasil sai de uma recessão de dois anos”.

Esta semana, em discussões no Comitê de Política Econômica da OCDE, o secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Marcello Estevão, sinalizou que a economia brasileira poderá crescer 3% em 2018, mencionando estimativa do mercado.

A projeção oficial do governo ainda é de expansão de 2,5%, enquanto a da OCDE é de alta de apenas 1,6% no PIB brasileiro no ano que vem, cifras que Estevão considera superadas em função dos dados mais recentes da economia.

Estevão detalhou aos outros países, na OCDE, o ritmo de reformas no Brasil. Admitiu que a aprovação da reforma da Previdência está difícil, por causa de diferentes visões políticas no Congresso, mas indicou que o governo está trabalhando para aprovar “elementos centrais” dessa reforma até dezembro.

Nos debates em Paris, os países concordaram que a economia mundial continua crescendo de forma mais robusta do que a OCDE projetava no começo do ano, com indicações boas em todos os continentes.

A China, segunda maior economia do planeta, continua no radar dos parceiros, em função de desequilíbrios macroeconômicos. A preocupação é saber se Pequim conseguirá manter a expansão da atividade entre 6% e 7% ao ano. Em todo caso, os chineses demonstram a cada ano a capacidade de ajustar a economia de forma branda, avalia Estevão.

A constatação foi também de que o Federal Reserve dos EUA (Fed, o Banco Central americano) não vai aumentar os juros de forma rápida. O Japão já indicou que manterá seu programa de liquidez enquanto não atingir inflação de 2% ao ano. E o mercado monitora os movimentos do Banco Central Europeu (BCE).