Por Fernanda Pires – Valor Econômico

07/11/2018 – 05:00

Após receber injeção de capital de R$ 400 milhões da gestora canadense Alberta Investment Management Corporation (AIMCo), na semana passada, a Iguá Saneamento, controlada pela gestora brasileira IG4 Capital, já definiu o destino dos recursos. Aproximadamente R$ 88 milhões (22%) irão para novos negócios.

A Iguá se prepara para fazer proposta ainda neste ano pelas concessões plenas (água e esgoto) das cidades de Artur Nogueira (SP), Prado, Alcobaça, Caravelas (BA) e Alto Paraguai (MT).

“Todas as concorrências estão na rua, o prazo para apresentar proposta é até o fim de novembro”, disse ao Valor Gustavo Guimarães, presidente da Iguá. Dessas, o foco prioritário é Artur Nogueira, pois a Iguá já tem uma rede de operações no Estado de São Paulo.

Além desses ativos, a companhia vislumbra crescimento via aquisição. “Pelo número de atores que existem no mercado privado, há espaço para consolidar. Vamos continuar olhando o mercado com esse intuito”, afirmou o executivo.

O restante – aproximadamente R$ 312 milhões – será destinado para melhorar a eficiência das operações de Cuiabá (MT), Paranaguá (PR), Guaratinguetá, Atibaia, Piquete, Andradina (SP), ESAP (Palestina, também em São Paulo), operações no interior do Mato Grosso, Tubarão e Itapoá (SC).

Ao aportar dinheiro do caixa próprio, a Iguá poderá contar com a contraparte de bancos nas principais concessões para deslanchar investimentos totais estimados em R$ 1,7 bilhão em sete anos contados a partir de julho de 2017.

A concessão de Cuiabá, a maior do portfólio da Iguá e que atende mais de 560 mil pessoas, terá o maior desembolso: R$ 90 milhões. Com ele, a empresa “destrava” a fatia do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de R$ 130 milhões, totalizando R$ 220 milhões para o ativo.

Com isso, a capacidade de produção de água em Cuiabá mais que dobrará já no primeiro trimestre de 2019, para 4,6 milhões de metros cúbicos, o que significará uma capacidade excedente de 50%. Sobrecapacidade no abastecimento, no entanto, não garante a chegada da água à população, por isso será preciso investir em atividades de redes, como tubulações. Até o fim de 2019 a Iguá promete acabar com a intermitência no fornecimento e realizar outras atividades.

Esse valor constitui o primeiro ciclo do investimento de R$ 1,2 bilhão a ser feito na concessão da capital do Mato Grosso nos próximos sete anos, montante que, por sua vez, corresponde a 70% do investimento global previsto pela Iguá em todas as operações no período. A concessão que receberá o segundo maior aporte é Paranaguá. Serão R$ 50 milhões destinados a esgoto.

Há pouco mais de um ano, a Iguá, ex-CAB Ambiental (então controlada pela Galvão), finalizou a reestruturação societária e pôs em marcha um plano de negócios que prevê duplicar a receita em cinco anos, alcançando em 2022 aproximadamente R$ 1 bilhão.

Como parte da nova fase da companhia, na semana passada a IG4 e a AIMCo concluíram o aporte de R$ 400 milhões por meio de fundos administrados pela IG4 (FIP Iguá e FIP Mayin). A negociação foi anunciada em julho.

Os fundos administrados pela IG4 deterão fatia de 89,44% na Iguá e o BNDESPar (braço de participações do BNDES) ficará com os 10,56% restantes. Já a AIMCo terá 28,46% de participação, indiretamente, por meio dos fundos administrados pela IG4.

“Viemos para um patamar em que não se fala mais em uma companhia que está saindo do ‘turnaround’. Agora virou uma corporação e que vem brigar por um setor que tem desafios gigantes e com possibilidades enormes”, disse Guimarães.

A Iguá tem hoje 18 operações de água e esgoto em 25 municípios de cinco Estados.