Por Fernanda Calgaro, G1, Brasília

29/12/2017 11h09

Recursos virão do FGTS, administrado pela Caixa, e vão beneficiar Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Goiás e Pernambuco.

ministro das Cidades, Alexandre Baldy, e o presidente da Caixa, Gilberto Occhi, assinaram nesta sexta-feira (29) contratos de financiamento para obras na área de saneamento ambiental no valor de R$ 951,2 milhões e que vão beneficiar quatro estados: Goiás, Pernambuco, Espírito Santo e Rio Grande do Sul.

Os recursos virão do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e serão destinados às companhias de saneamento desses estados. Os financiamentos poderão ser pagos em um prazo de 20 anos. Em contrapartida, os estados também terão que fazer aportes.

Considerando essas novas contratações, a Caixa atingirá o montante de R$ 4,084 bilhões em financiamentos para o setor de saneamento em 2017.

Para a Compesa, de Pernambuco, o valor do financiamento será de R$ 312,4 milhões, referente a nove operações em municípios como Jaboatão dos Guararapes e Garanhuns.

No caso da Cesan, do Espírito Santo, o empréstimo é da ordem de R$ 63,5 milhões e será destinado a quatro operações, incluindo algumas localizadas em áreas próximas ao município de Guarapari.

A Corsan, do Rio Grande do Sul, receberá R$ 210,5 milhões para investir em nove operações, como nos municípios de Tramandaí e Gravataí.

A Saneago, de Goiás, obterá R$ 341,3 milhões de recursos do FGTS para ações no setor.

“Este investimento é um recurso oriundo do FGTS, que é uma atribuição do Ministério das Cidades, com operacionalização da Caixa”, explicou Baldy.

Também estavam presentes à cerimônia o ministro Carlos Marun (Secretaria de Governo) e o governador de Goiás, Marconi Perillo.

Em um breve discurso, Perillo fez elogios ao governo Michel Temer e defendeu com veemência a aprovação da Reforma da Previdência sob risco, segundo ele, de o país “quebrar” caso não seja feita.

Já Carlos Marun voltou a contestar a acusação de que estaria exigindo apoio de governadores à reforma da Previdência como condição para receberem financiamentos de bancos públicos. Responsável pela articulação política do Planalto, ele repetiu diversas vezes ser “mentira” que ele estaria fazendo algum tipo de chantagem.

“Outra mentira que se estabeleceu é que eu estaria chantageando [governadores]”, afirmou. Ele ressaltou, porém, que não vai deixar de pedir apoio.

“Não vamos abrir mão de pleitear o apoio dos agentes públicos brasileiros, especialmente aqueles que estão sendo beneficiados por ações de governo”, afirmou.

A polêmica começou com uma declaração dada por ele, durante uma entrevista coletiva na terça-feira (26), em que disse que esperava dos governadores que quiserem recursos um esforço para conseguir o apoio necessário junto aos deputados para aprovar a proposta no Congresso.

“O governo espera que aqueles governadores que têm recursos a serem liberados, financiamentos a serem liberados, o governo espera desses governadores, como de resto de todos os agentes públicos, uma reciprocidade no que tange a questão da Previdência”, afirmou na ocasião.

A declaração dele teve repercussão negativa e, em reação, um grupo de governadores do Nordeste enviou uma carta pública ao presidente Michel Temer na quarta-feira (27) com críticas ao que consideraram ser uma pressão por parte de Marun.

Na quinta-feira (28), Marun divulgou uma nota negando ter condicionado a liberação de recursos. A bancada do PT na Câmara chegou a entrar com uma representação criminal na Procuradoria Geral da República para que a conduta dele seja investigada.