Maeli Prado – Folha de São Paulo

04/01/2018  02h00

Um contingenciamento de R$ 20 bilhões do Orçamento em 2018, cenário com o qual a equipe econômica trabalha, reduzirá o gasto médio do governo com investimento e custeio da máquina pública a R$ 1.157 por brasileiro, menor nível desde 2009.

O cálculo foi feito pela consultoria Tendências com base nas despesas sobre as quais o governo tem controle, ou seja, aquelas que podem ser bloqueadas em períodos de aperto fiscal.

São exemplos desses gastos os investimentos em obras públicas e a compra de novas instalações para órgãos do governo, além do pagamento de água e luz e contratação de funcionários terceirizados.

“Em 2017, em função dos bloqueios no Orçamento, já havia um cenário de semi-paralisações, greves e atrasos nos serviços públicos. Em 2018, voltaremos ao nível pré Dilma. É suportável, mas será cada vez mais doloroso”, diz o economista Fabio Klein, autor do levantamento.

No ano passado, entre os sintomas do forte bloqueio de recursos estiveram a demissão de terceirizados e o corte de bolsas de estudo em universidades, entre outros.

Esse quadro tende a se agravar em 2018, já que o governo deve anunciar, nos primeiros meses do ano, um bloqueio de recursos de cerca de R$ 20 bilhões. Neste ano começa a valer o teto de gastos, que limita as despesas à inflação do ano anterior.

Os cálculos mostram que o pico dos gastos com investimentos ocorreu em 2014, quando se gastou R$ 1.635,60 por capita, ou R$ 478 a mais do que em 2018, segundo dados atualizados pela inflação.

Em 2015, com o agravamento do quadro fiscal, essas despesas iniciaram uma trajetória de queda, até alcançarem R$ 1.262 por brasileiro no ano passado, valor que já era o menor desde 2010.

Enquanto o cenário fiscal para este ano é complicado, em 2017 o deficit ficou entre R$ 129 bilhões e R$ 139 bilhões. Ou seja, entre R$ 20 bilhões e R$ 30 bilhões menor do que a meta para o ano, de um rombo de R$ 159 bilhões.

Segundo fontes da equipe econômica, o comportamento melhor que o esperado foi possível pela forte arrecadação de dezembro e pela dificuldade de execução de despesas pelos ministérios.

Ou seja, o desempenho das contas públicas não ficou longe da meta original para o ano passado, que era de um deficit de R$ 139 bilhões mas que foi posteriormente ampliada em R$ 20 bilhões.