Por Fernanda Pires e Rodrigo Rocha – Valor Econômico

30/07/2018 – 23:32

SÃO PAULO – Um ano após comprar a empresa de saneamento CAB Ambiental, rebatizada de Iguá Saneamento, a gestora brasileira IG4 Capital trouxe um dos maiores fundos de investimentos do Canadá para injetar dinheiro na companhia e deslanchar novos investimentos. A IG4 e o Alberta Investment Management Corporation (AIMCo) assinaram na noite de segunda-feira um acordo de investimentos que resultará no aporte primário de até R$ 400 milhões no Fundo de Investimento em Participações Multiestratégica, o FIP Iguá, controlador da Iguá Saneamento e gerido e controlado pela IG4.

A fatia do AIMCo no FIP só será divulgada no fechamento da operação, mas, conforme o Valor apurou, o fundo canadense será minoritário e deverá ficar com menos de 40%. Com a capitalização, o FIP terá mais de R$ 1 bilhão de ativos sob gestão.

O dinheiro vai 100% para o caixa da companhia, por meio do FIP, que continua controlador e gestor do negócio. O compromisso é que o aporte seja feito de uma só vez. Os recursos serão usados para antecipar investimentos já mapeados nas concessões da Iguá e também para novas oportunidades que surgirem no mercado, tanto de aquisições como novas concessões e Parcerias Público-Privadas (PPPs). Algumas das operações da Iguá sofrem com perdas relevantes de água e um aporte pode acelerar o retorno destas iniciativas.

A Iguá reúne hoje 18 operações em 25 municípios de cinco estados brasileiros. No total, atende direta ou indiretamente aproximadamente 6,6 milhões de pessoas. O FIP Iguá tem 84,18% de participação na companhia e a BNDESPar, braço de investimentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), os demais 15,82% de fatia acionária na Iguá. Além da IG4 e da AIMCo, a Galvão Participações, antiga controladora da empresa, detém uma fatia reduzida no FIP.

A entrada de um investidor estrangeiro coloca a Iguá no mesmo patamar das principais concorrentes privadas. A BRK Ambiental é controlada desde o ano passado pela canadense Brookfield e a Aegea tem participações minoritárias do IFC, ligado ao Banco Mundial, e do GIC, fundo soberano de Cingapura.

A AIMCo é uma das maiores e mais diversificadas gestoras de investimentos institucionais do Canadá. Sob seu guardachuva, tem mais de 107 bilhões de dólares canadenses em ativos, segundo dados atualizados em 31 de março.

As conversas entre IG4 e AIMCo vêm acontecendo desde o início do ano, mas a negociação se intensificou nos últimos 60 dias, quando se tornou exclusiva entre as partes. Os assessores financeiro da IG4 no processo são o Bradesco BBI e o Itaú BBA. Pela AIMCo é o Santander.

Depois da entrada da IG4, a Iguá melhorou os resultados operacionais e financeiros. Em 2017 teve lucro líquido de R$ 30,2 milhões, revertendo prejuízo líquido de R$ 83,8 milhões no ano anterior. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado cresceu 20,9%, para R$ 212 milhões.

Em nota divulgada pela IG4, o diretor da AIMCo, David Perl, disse que o Brasil precisa “de empresas modernas, bem geridas e que realizem investimentos em infraestrutura, especialmente em um setor que há carências como o de saneamento”.