Apesar do sucesso de público, visitantes criticaram falta de estrutura

Fabrício Lobel e Natália Cancian – Folha de São Paulo

22.mar.2018 às 20h09

O 8º Fórum Mundial da Água bateu recorde no número de participantes em sua primeira edição feita no hemisfério sul e agora diz esperar “vontade política” para que mudanças sejam feitas no acesso à água pelo mundo.

O maior evento de água do planeta reuniu até esta quinta-feira (22) 85 mil visitantes únicos —é possível que cada um deles tenha passado mais de uma vez pelo fórum. A maior parte dos visitantes foi à Feira e à Vila Cidadã (espaço de acesso gratuito dedicado à população).

A expectativa inicial da organização do fórum era de receber 35 mil visitantes. Diante da alta, eles agora estimam que até esta sexta, data do encerramento do evento, atingirão os 100 mil visitantes.

“Esse fórum é o maior e o mais bem atendido de todos”, comemorou o presidente do Conselho Mundial da Água e secretário paulista de recursos hídricos Benedito Braga. Ele lembrou ainda que a primeira edição do fórum, em Marrocos, reuniu apenas 700 participantes e que por isso, o crescimento é algo a comemorar.

Apesar da celebração, o fórum teve críticas de seus visitantes sobre salas lotadas, dificuldade de acesso aos nomes dos participantes e até bebedouros sem água.

‘VONTADE POLÍTICA’

Braga disse em entrevista à imprensa que a concretização das diversas ideias levantadas no fórum sobre a melhoria do acesso à água deverá contar com vontade política dos governantes.

“O fórum ajuda a sensibilizar a classe política para a questão da água. Na medida em que você cria a Vila Cidadã, traz esse número enorme de pessoas, você também cria uma cultura em torno do tema da água”, disse.

Organizadores do fórum disseram ainda que um marco desta edição foi a elaboração de cartas de compromisso de prefeitos, governadores, parlamentares, ministros, promotores e juízes de diferentes países garantindo o cuidado com a água.

A declaração dos ministros e chefes de delegação, por exemplo, apresenta o que define como “apelo urgente para uma ação decisiva sobre a água” e estabelece a necessidade de “renovar e reforçar o empenho político” para garantir ações “imediatas e efetivas” para melhorar o saneamento e superar a escassez hídrica.

Diz também é preciso incentivar governos a estabelecer ou fortalecer planos nacionais de recursos hídricos e alocar recursos na gestão sustentável da água.

A declaração dos parlamentares coloca a busca por mais recursos para segurança hídrica e o saneamento como prioridade, cobra maior apoio internacional para países em desenvolvimento ou com maior dificuldade de acesso à água potável, e pede que seja assegurado o debate nos parlamentos para que o direito humano à água seja assegurado.