Por Rodrigo Rocha – Valor Econômico

26/04/2018 – 05:00

O movimento de expansão da Aegea Saneamento, que ganhou força este ano, deve mudar a participação dos sócios da empresa, ampliando a presença do GIC, fundo soberano de Cingapura, e do IFC, ligado ao Banco Mundial.

Anunciada em fevereiro, a aquisição da Manaus Ambiental deve levar a um aumento de capital dos dois sócios estrangeiros. Atualmente, a Equipav, controladora da Aegea, detém uma fatia de 71,04%, com o GIC possuindo participação de 18,67% e o IFC com os 10,29% restantes. Apesar de aberta, a companhia não possui ações negociadas em bolsa.

Com a conclusão da compra de Manaus esperada para os próximos meses – ainda são necessárias aprovações das autoridades governamentais -, está previsto um aumento de capital para reforçar o caixa após o desembolso. O negócio, somado a aquisição da parceria público-privada (PPP) de esgotamento em Guarulhos (SP), deve dar a Aegea uma participação de mercado de 36,7% entre as companhias privadas do setor, com 8,9 milhões de pessoas atendidas.

Segundo Flávio Crivellari, vice-presidente de finanças e relações com investidores da empresa, a Equipav, que atua também em construção, mineração e agronegócio, não deve acompanhar a operação, diluindo sua fatia. A companhia ainda não definiu o tamanho do aumento de capital.

“Os investidores [GIC e IFC] têm interesse de utilizar a Aegea como veículo consolidador”, afirmou Crivellari em evento para analistas e investidores realizado ontem. Por isso mesmo, a oportunidade de uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) deve ficar mais distante, ao menos por enquanto.

Se a capital do Amazonas é considerada pela Aegea uma concessão com grande potencial, o caso de Guarulhos é mais delicado. O negócio adquirido da OAS no início do mês tem diversas questões jurídicas que precisarão ser resolvidas para ir adiante. “É uma tentativa de salvar um contrato na UTI”, segundo o presidente da companhia, Hamilton Amadeo.

A formatação da PPP gerou uma disputa judicial entre município e governo do Estado de São Paulo, que pode anular a operação caso não seja resolvida. A companhia já desembolsou a primeira parcela da aquisição, mas a OAS só irá receber se ocorrer um acordo entre cidade e Estado.

Além disso, a operação conquistada em 2014 não cumpriu as metas de expansão de redes. “Feito isso [acordo entre Estado e município], há o compromisso de restabelecimento de metas, que estão obsoletas”, disse Amadeo.

Para além desses dois projetos, a Aegea não vê novas oportunidades no horizonte. Além da janela mais estreita no mercado secundário, o cenário para novas concessões e PPPs está mais restrito. O executivo afirma que a empresa parou momentaneamente de participar de Procedimento de Manifestação de Interesse Social (PMIS) por questões de governança.

Na lista de possíveis oportunidades com chance de acontecerem ainda este ano, a companhia acompanha a PPP de esgotamento da Corsan na região metropolitana de Porto Alegre e projetos desenvolvidos no Espírito Santo e no Mato Grosso do Sul.

“Resumindo, não há quase nada, vamos passar o próximo ano e meio sem muita coisa acontecendo”, completou Amadeo.