Por Rodrigo Rocha – Valor Econômico
24/10/2018 – 05:00
Em um cenário de marasmo na construção pesada e principalmente no setor de saneamento, a construtora Engeform conquistou três contratos a partir de licitações da Sabesp, que devem movimentar R$ 110 milhões em obras e gestão para melhorar o atendimento da estatal paulista.
O principal projeto, explica André Abucham, diretor superintendente da Engeform, é a construção de uma adutora na região Norte de São Paulo. Um projeto de oito quilômetros, cujo foco é melhorar o abastecimento na cidade de Caieiras e nos bairros da Zona Norte da capital.
“A rede atual tem um diâmetro 40% inferior ao que vai ser construído agora. É uma obra estruturante para a questão de falta de água da Zona Norte de São Paulo”, explica Abucham.
Outra obra envolve o esforço da Sabesp em reduzir as perdas de água em regiões densamente urbanizadas. A Engeform será responsável por substituir 52 quilômetros de tubos de ferro fundido na região central de São Paulo por polietileno de alta densidade (PEAD). A cidade ainda tem em seu subterrâneos tubos muito antigos de ferro, alguns que datam de mais de 100 anos, com muitos vazamentos.
“É um contrato de perdas. Grandes cidades do mundo, incluindo São Paulo, perdem cerca 40% do fluxo de água das suas regiões centrais. Então o objeto desse novo contrato é levar esse número de 40% para menos de 26%”, destaca o executivo.
Uma das tecnologias usadas é o chamado “pipe bursting”, em que uma broca tritura tubulações antigas de ferro e as substitui automaticamente por tubos de polietileno de alta densidade. O processo é considerado pouco invasivo, porque não exige a abertura de valas.
Nesse projeto, a remuneração será feita a partir de um contrato de eficiência, em que o retorno se dará a partir da diferença entre a água quer era perdida anteriormente e a recuperada após a realização das obras. “Produzir água é uma coisa difícil e cara. Com essas obras a Sabesp passa a ter mais água para ofertar para a população”, diz Abucham.
O terceiro contrato tem o foco maior em serviço, com a recuperação de créditos vencidos da Sabesp em cidades no entorno da capital. Nesse modelo, a empresa contratada só ganha se conseguir fazer os inadimplentes pagaram, garantindo uma fatia do recebido pela Sabesp.
Entre os clientes que a Engeform terá de cobrar estão indústria, comércio e até consumidores residenciais. Não há no escopo do contrato a cobrança de entes públicos.
Fundada a há 42 anos, a empresa tem mantido o foco em três segmentos: o ambiental, com o saneamento, o de infraestrutura social, com a construção de hospitais, e na área de energia. Nos hospitais, são sete obras em andamento por todo o país e a expectativa da assinatura de três novos contratos até o fim do ano.
Para saneamento, a empresa vê a possibilidade de que novos negócios sejam feitos ainda em 2018. Em energia, a última operação foi a aquisição de uma fatia remanescente (49%) do complexo eólico Serra das Vacas, localizado em Pernambuco, no leilão das sociedades de propósito específico (SPEs) da Eletrobras, realizado no mês passado.
