A Agência Francesa de Financiamento (AFD), organismo público que financia projetos em países em desenvolvimento, está negociando um financiamento de € 60 milhões com a estatal da Bahia de água e saneamento Embasa. O escopo é reformar e modernizar o sistema de esgoto e saneamento da capital baiana e reduzir as perdas de água potável, salvando 3 milhões de metros cúbicos por ano. A assinatura deve ocorrer no 8º Fórum Mundial da Água, que vai acontecer em março em Brasília.

A AFD atua no Brasil em água e saneamento desde 2012, quando firmou um contrato com a Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan). O empréstimo é de € 100 milhões para infraestrutura de saneamento para melhorar os serviços destinados a 330 mil pessoas. As obras estão terminando. A agência também dá apoio a empresas privadas, por meio de sua filial denominada Proparco. A brasileira Aegea é uma das principais clientes. Tem um financiamento para o serviço de água potável e saneamento que vai beneficiar 260 mil pessoas. A AFD está presente em mais de 100 países. Apoia projetos que ajudam a reduzir a pobreza e a desigualdade, preservam o meio ambiente e favoreçam o desenvolvimento econômico sustentável. Os financiamentos vão para as infraestruturas mas a AFD dá também assistência em termos de governança.

“Os problemas de acesso à água e saneamento são muitas vezes mais de governança do que de carência dos recursos hídricos ou técnicos”, disse Céline Gilquin, responsável pela área de água e saneamento da AFD. Em 2017, a agência alocou € 10 bilhões em vários projetos pelo mundo, sendo € 1,2 bilhão no setor da água. O objetivo é ampliar a presença no Brasil e na América Latina. A agência fará apresentações em mais de dez sessões no fórum em que abordará o papel do financiamento em ações bem-sucedidas, como na gestão de inundações. Os franceses têm um conhecimento reconhecido e comprovado em iniciativas públicas e privadas nesse segmento. 

“O modelo francês da governança e gestão da água é referência para vários países. É um momento de destacar e valorizar esse conhecimento.” A AFD pretende acompanhar o Brasil no caminho da universalização do serviço de esgoto, área em que o país tem muito a avançar. E a França, sede de líderes mundiais nessa indústria e de uma gama de companhias que desenvolvem inovações nessa cadeia, tem interesse em ajudar o Brasil na empreitada. É um mar de oportunidades. Segundo o “Atlas Esgotos: Despoluição de Bacias Hidrográficas”, publicado em 2017 pela Agência Nacional de Águas, somente 42,6% dos esgotos do país são coletados e tratados.