Por José de Castro e Lucas Hirata – Valor Econômico

Os mercados de câmbio e juros começaram a semana em ritmo de expectativa pelos eventos dos próximos dias, especialmente a divulgação de dados de índices de preços e da última comunicação oficial por escrito do Banco Central prevista para este ano.

No câmbio, o dólar comercial caiu 0,31%, a R$ 3,2974, abaixo de R$ 3,30 pela primeira vez em uma semana, em linha com a maior demanda por ativos de risco no exterior. Foi o segundo pregão consecutivo de queda da moeda americana, o que representa um alívio após a cotação ter subido 3,24% entre os dias 7 e 14 de dezembro, elevação equivalente a cerca de 10 centavos, para R$ 3,3357. E corrobora expectativas de algumas casas de que a taxa cambial varie entre patamares próximos aos atuais.

O banco Morgan Stanley projeta que o dólar terminará 2017 valendo R$ 3,20, taxa que embute queda de quase 3% em relação ao fechamento de ontem. Os cálculos de estrategistas do banco indicam que a moeda permanecerá nesse patamar até o fim de março, para depois subir a R$ 3,30 em junho e alcançar um pico de R$ 3,50 no término de setembro, às véspera das eleições presidenciais no Brasil. No fim de 2018, porém, o dólar voltará a R$ 3,25, preveem analistas do banco americano. “Continuamos neutros em real e não esperamos que a moeda tenha desempenho pior que seus pares no curto prazo”, dizem os estrategistas do Morgan.

Para o segmento de juros, a quinta-feira reservará tanto o IPCA-15 de dezembro quanto o Relatório Trimestral de Inflação (RTI). Em 12 meses até novembro, o IPCA-15 acumula variação de 2,77%, bem abaixo do centro da meta definido para o IPCA, de 4,50%. A diferença entre os dois índices é o período de coleta.

A pesquisa Focus do Banco Central divulgada ontem mostrou que o mercado de forma geral prevê IPCA de 2,83% para 2017 e de 4,00% para 2018 – ambos abaixo do centro da meta para os dois anos, de 4,50%.

A gestora Icatu Vanguarda acredita que a inflação continuará aquém do centro da meta em 2018. Junto com um quadro de câmbio sem maiores pressões ao longo do ano que vem, amparado por contas externas “saudáveis”, a gestora acredita que o BC conseguirá manter a meta Selic “provavelmente nos níveis mais baixos da história” em 2018. “As eleições para presidente do país podem trazer períodos pontuais de maior volatilidade dos mercados locais, mas dificilmente irão alterar de forma significativa o quadro cíclico da economia”, diz a Icatu.

Na curva de juros, porém, o mercado mantém importante prêmio de risco, numa postura mais defensiva diante das incertezas. A taxa média do CDI – taxa de juros que baliza empréstimos entre bancos – projetado para o primeiro trimestre de 2019 está em 8,35% ao ano, bem acima do CDI atual, de 6,89%. Ou seja, o mercado projeta que nos três primeiros meses de 2019 a Selic média será 146 pontos-base acima da atual (7,00% ao ano).

No fim do dia, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2019 marcava 6,93% ao ano, frente a 6,94% do fechamento de sexta-feira. A taxa do DI para janeiro de 2021 – mais correlacionado às expectativas para as contas públicas – tinha taxa de 9,31%, 1 ponto-base acima do encerramento anterior.