Por Fábio Pupo e Fabio Graner – Valor Econômico

23/05/2019 – 05:00

Em meio aos sucessivos cortes nas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, o Ministério da Economia prepara o lançamento de medidas para tentar aquecer a atividade no país. As ações envolvem principalmente facilitação de crédito e iniciativas voltadas ao mercado de capitais.

O secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues, prometeu que parte das ações deve ser detalhada pelo Ministério da Economia no dia 3 de junho em São Paulo, em conjunto com representantes do Banco Central (BC), da Superintendência de Seguros Privados (Susep) e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Ele afirmou que o governo trabalha em “uma série” de iniciativas conjunturais, microeconômicas e estruturais. “Tem uma sequência muito grande de medidas.”

Uma delas é uma campanha para que detentores de contas no PIS/Pasep resgatem seus recursos. A estimativa é que 14,5 milhões de pessoas sejam beneficiadas e R$ 22 bilhões sejam injetados na economia. Essa medida, contudo, foi tentada duas vezes no governo Michel Temer, com resultados abaixo do que se esperava. “Esses detentores não estão usando, é um jogo de perde-perde. Haverá uma campanha intensa de divulgação para entregar o dinheiro a quem de fato pertence”, disse. “Vamos dar liberdade total para eles usarem como desejarem”, completou.

Além disso, o governo vê como necessária uma ação voltada a empresas em processo de recuperação judicial e falência. A estimativa oficial aponta que há R$ 283 bilhões em empréstimos concedidos a companhias nessa situação. “Precisamos melhorar essa área da economia para irrigar canais de crédito que hoje estão travados”, disse. “Já estamos em diálogo intenso com o Congresso e entendemos que neste ano o sistema recuperacional e falimentar será substancialmente alterado”, afirmou.

Nesta semana, o ministro da Economia, Paulo Guedes, teve reunião com presidentes dos principais bancos públicos para discutir ações voltadas à melhora da atividade no país.

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Joaquim Levy, afirmou que no encontro foram debatidos “caminhos” para a atividade do país. “Temos que trabalhar para crescer e gerar emprego. Não é fácil, mas nosso entusiasmo está nisso”, disse na terça-feira (21). “Foi nesse sentido [a reunião]. De encontrar caminhos”, completou.

No caso do BNDES, o banco já anunciou neste mês um novo financiamento a médias empresas e estima contratações de R$ 2 bilhões em financiamento ao ano com a nova linha. “Nosso banco é voltado a infraestrutura, pequena e média empresas e sustentabilidade”, afirmou Levy.

Ele defendeu ainda um choque de infraestrutura no país e disse que o banco planeja continuar apoiando o setor. Ele disse também que o governo está acompanhando a medida provisória sobre o saneamento, que tramita no Congresso e que pode destravar investimentos no setor.

Anteontem, o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, anunciou que vai iniciar um programa de renegociação de dívidas para reabilitar consumidores que hoje estão fora do mercado. De acordo com Guimarães, “serão oferecidos descontos de 40% a 90% na renegociação”. A estimativa é que a medida envolva 300 mil pequenas e médias empresas e 2,8 milhões de pessoas físicas. Com isso, novos produtos poderão ser oferecidos aos consumidores.