Fábio Fabrini, Júlio Wiziack e Laís Alegretti – Folha de São Paulo

17/01/2018  18h11

O Conselho de Administração da Caixa deverá destituir os quatro vice-presidentes do banco afastados temporariamente por suspeitas de envolvimento em esquemas de corrupção. Os demais oito vices terão sua situação avaliada pelo colegiado, que poderá tirá-los dos cargos.

O governo anunciou que aprovará na sexta (19) o novo estatuto da Caixa, que dá ao conselho poderes para nomear e exonerar os executivos. Atualmente, a prerrogativa é do presidente da República.

O governo vinha postergando a entrada em vigor do documento, com o propósito de evitar as trocas na cúpula da Caixa. Temia que as substituições desagradassem aos partidos da base aliada que indicaram os executivos, criando dificuldades na reforma da Previdência.

Com a recomendação do Banco Central para o afastamento definitivo e o alerta feito pelo Ministério Público Federal de que o presidente poderia ser responsabilizado por manter os vices, a situação dos dirigentes ficou insustentável e o Palácio do Planalto mudou de estratégia. Decidiu então agilizar a aprovação do estatuto e transferir o ônus político das exonerações ao conselho.

Os executivos afastados –Deusdina dos Reis Pereira (Fundos de Governo e Loterias), Roberto Derziê de Sant’Anna (Governo), Antônio Carlos Ferreira (Corporativa) e José Henrique Marques da Cruz (Clientes, Negócios e Transformação Digital)– foram substituídos nesta quarta (17) por interinos.

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Integrantes do conselho ouvidos reservadamente pela Folha avaliaram que a permanência dos dirigentes sob suspeita compromete a imagem do banco, que passa por um momento delicado, de ajuste às novas regras internacionais de solidez bancária. Além disso, a eventual manutenção poderia motivar ações do Banco Central e da Procuradoria da República no Distrito Federal, que recomendaram as exonerações.

A Lei 4.595, de 1964, que dispõe sobre as instituições financeiras, prevê que diretores de bancos públicos devem ter reputação ilibada, não podendo pesar contra eles notícias de envolvimento em corrupção e em casos de ingerência política.

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse nesta quarta que os demais vices serão reavaliados. “Todos terão que passar por critério de avaliação técnica e serem confirmados. O conselho vai analisar a situação dos oito que não foram afastados, mas que serão analisados para saber se ficam ou não.”

Ele foi questionado ainda sobre uma reavaliação da necessidade de manter todas as atuais vice presidências do banco e disse que a discussão pode ocorrer no futuro.

“O importante é definirmos prioridade. A questão número um do conselho é em relação aos quatro vice-presidentes que estão sujeitos a esse julgamento. Em segundo lugar, a avaliação dos demais vice-presidentes. Certamente, em determinado momento, sim, a estrutura é sempre objeto de discussão para tornar a empresa cada dia mais eficiente”, respondeu.