Para fazer o cálculo, entidade considerou o atual ritmo de investimentos no setor, que é visto como o mais atrasado da infraestrutura brasileira. Em 2017, investimentos recuaram 7,8%.

Por Alexandro Martello, G1 — Brasília

01/04/2019 11h25

 Levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), com base em dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), mostrou queda de 7,8% nos investimentos nos serviços de água e esgoto em 2017, na comparação com o ano anterior.

De acordo com a entidade, foram desembolsados, no ano retrasado, R$ 10,9 bilhões em saneamento, menor valor investido nesta década e patamar 50,5% inferior à média de R$ 21,6 bilhões necessários para o Brasil universalizar os serviços até 2033, segundo meta prevista pelo Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab).

“A terceira queda consecutiva [em 2017] nos investimentos do setor mais atrasado da infraestrutura brasileira torna a universalização ainda mais distante. Nesse ritmo, acontecerá só daqui a mais de 45 anos, na década de 2060”, afirmou o presidente da CNI em exercício, Paulo Afonso Ferreira.

Com base na média dos investimentos dos últimos quatro anos (2014-2017), a CNI estimou seria necessário aumentar a destinação de recursos em cerca de 70%.

O índice de água encanada para a população passou de 83%, em 2015, para 83,5%, em 2017. Já em relação às redes de esgoto, a coleta passou de 50,3% para 52,4% no mesmo período, informou a entidade.

Estudo da CNI estima que cada R$ 1,00 investido em saneamento gera retorno de R$ 2,50 ao setor produtivo.

“A ampliação das redes de esgoto impactaria também na valorização de imóveis, no aumento da produtividade dos trabalhadores e nos ganhos diretos na saúde da população, como à queda da mortalidade infantil, redução da incidência de doenças como diarreia e vômitos, e diminuição dos gastos com médicos, internações e medicamentos”, avaliou a entidade.

Os benefícios do investimento na qualidade da água e na coleta e tratamento de esgoto, acrescentou a CNI, impactam também na redução da transmissão de doenças causadas pelo mosquito Aedes aegypti, como dengue, zika vírus, chikungunya e febre amarela.

A entidade lembrou que a Medida Provisória 868 traz normas para a iniciativa privada operar na área e “aumenta a isonomia competitiva entre companhias públicas e privadas por meio do chamamento público”.

“A indústria pretende intensificar o diálogo com o governo para a conversão em lei da Medida Provisória 868/2018, que aperfeiçoa regras sobre o saneamento básico. Na avaliação da CNI, o aumento da participação privada na gestão de companhias de água e esgoto é o instrumento mais viável para universalizar o saneamento básico no Brasil”, acrescentou.