Por Francisco Góes  – Valor Econômico

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) espera fechar a operação de financiamento de longo prazo para a Rio Galeão, concessionária do aeroporto internacional do Rio, até o fim do ano, disse ao Valor a diretora de infraestrutura do banco, Marilene Ramos. O montante será de R$ 1,65 bilhão, sendo R$ 900 milhões para pagar um empréstimo-ponte ao próprio BNDES, de três anos atrás. A diferença, de R$ 750 milhões, deve ser destinada a investimentos.

O pagamento das parcelas das outorgas da concessão entre 2017 e 2022 deve ser quitada com recursos dos sócios da concessão. Embora os termos finais do contrato de financiamento ainda estejam sendo negociados, para aprovação pela diretoria do BNDES, o prazo deve ser de dez anos. “Estamos trabalhando para fechar a operação até o fim de dezembro”, disse Marilene. A Rio Galeão confirmou, via assessoria de imprensa, que as negociações com o banco estão avançadas e com previsão de término no fim do ano.

O financiamento vai ser possível após aprovação pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) da mudança na composição acionária privada do Galeão. A Odebrecht Transport (OTP) vendeu sua parte na sociedade para chinesa Hainan HNA Infrastructure. O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) já deu aval favorável.

Assim, a Hainan e a cingapuriana Changi Airports vão ficar com 51% da concessão, enquanto a estatal Infraero mantém 49% do capital. Na parte privada, a Hainan será majoritária, com 51%, a Changi ficará com os demais 49%.

Marilene disse tratar-se de uma operação complexa tanto do ponto de vista negocial como jurídico. Parte do financiamento será indireto, repassado por bancos comerciais, e até agora o BNDES nunca havia feito operações com a HNA.

No passado, o BNDES já realizou operações de financiamento à exportação de aeronaves da Embraer com a Hainan Airlines, controlada pela HNA. “Agora estamos falando da HNA Infrastructure, responsável pelo investimento no setor aeroportuário”, afirmou Luciene Machado, superintendente de saneamento e transporte do BNDES.

Luciene disse que o empréstimo à concessionária será possível graças à reestruturação societária da Rio Galeão feita este ano. Os sócios ofereceram garantias corporativas para permitir o empréstimo. “São dois grupos sólidos [HNA e Changi]. E a reestruturação societária viabilizou a presença de dois grupos com robustez financeira suficiente para tocar o empreendimento, ambos têm crédito e risco aceitáveis para o BNDES fazer o financiamento de longo prazo”.

Além da HNA, o BNDES já tem outros clientes chineses. Em energia, o banco tem relacionamentos com a State Grid, que comprou a CPFL em 2016 e atua em linhas de transmissão no país, e com a CTG (China Three Gorges), investidora em hidrelétricas.