Por Bruno Villas Bôas – Valor Econômico

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Paulo Rabello de Castro, afirmou ontem que a instituição financeira não deverá alcançar a meta de desembolso de R$ 77 bilhões para este ano. Entre janeiro e outubro, dado mais recente divulgado pelo banco, foram desembolsados R$ 55,18 bilhões, 20% a menos que nos dez primeiros meses do ano passado. Segundo ele, o banco deve chegar a R$ 72 bilhões em desembolsos este ano.

Rabello de Castro, que participou de almoço de fim de ano do Instituto Aço Brasil, no Rio, disse que o banco vai levar “mais do que os 180 dias que eu calculava para estar fora da escuridão da recessão”. Segundo ele, os desembolsos estão “fundo do poço” enquanto “as consultas já estão subindo”.

Questionado sobre os desembolsos, caso se confirme a expectativa de serem os menores da década, Rabello de Castro frisou que o dado “não é alarmante”. “O banco vinha em um ritmo e, a partir de 2008 ou 2009, tem uma corcova. A corcova embicou para baixo e estamos retomando”, disse.

Rabello de Castro também voltou a falar sobre a devolução de recursos do banco ao Tesouro. Segundo ele, “não existe nenhuma urgência” para a devolução. “Até porque o ritmo de uma tal devolução dependeria dos números de 2018. Se surpreenderem positivamente, a exigência de 2018 da regra de ouro diminui”, frisou.

Segundo ele, a devolução de R$ 130 bilhões não cabe no fluxo de caixa do banco, a não ser que “tranque” o BNDES para novos desembolsos. “Respeitado o nosso caixa prudencial e nossa vontade de ter mais desembolsos no ano que vem, o caixa do banco se organiza para devolver quando for mais útil. Vai depender do nível de demanda. Em qualquer país do mundo [R$ 130 bilhões] é de botar respeito e de botar medo”, acrescentou.

O presidente da instituição revelou ainda que a linha BNDES Giro, voltada para suprir carência de capital de giro das empresas, supera R$ 1 bilhão em desembolsos mensais. “Devemos chegar em 2018 perto de R$ 2 bilhões de desembolso mensal”, afirmou. “No caso do BNDES estamos em situação agressiva; gostaríamos de mais gente batendo na porta do BNDES”, acrescentou Rabello de Castro.