Por Rafael Rosas, Valor Econômico

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) mapeou planos de investimento que somam R$ 1,03 trilhão em 20 setores da economia no período de 2018 a 2021. Os dados constam do boletim Perspectivas do Investimento 2018-2021, elaborado pelo Comitê de Assuntos Setoriais do BNDES, e inclui 12 setores da indústria e oito da infraestrutura. A média anual de investimentos é de R$ 258 bilhões.

De acordo com nota divulgada pelo banco de fomento, a perspectiva é de crescimento real de 1,9% ao ano, em média, nos investimentos ao longo de 2018 a 2021, mostrando “uma melhora significativa” nas expectativas comparadas ao levantamento anterior, feito no segundo semestre de 2017, quando a projeção era de queda de 3,1% ao ano, em média, nos investimentos de 2017 a 2020.

Segundo o BNDES, o aumento anual previsto no ritmo dos investimentos se deve principalmente ao aumento dos preços internacionais de commodities; à recuperação da demanda interna; e a políticas públicas e programas de concessão de serviços públicos.

“O impacto desses determinantes sobre as perspectivas do investimento ainda são bastante díspares entre os setores. Para alguns, levaram a uma significativa revisão para cima nos valores; para outros, os efeitos ainda são bem modestos, devendo ficar para o fim do período analisado”, diz a nota divulgada pelo banco.

Os dados mostram que as projeções são de crescimento de 5,9% ao ano na indústria, com uma expansão significativa dos investimentos em petróleo e gás, que, além de novos projetos, beneficia-se com a desvalorização do câmbio, uma vez que os preços dos principais itens de investimentos do setor são em dólar. Na infraestrutura, a projeção é de retração de 2,0% a.a., principalmente no setor de energia elétrica.

“Embora a retomada da economia seja um fator positivo, vislumbra-se a necessidade de sustentar o crescimento econômico por um período mais prolongado para que os investimentos no setor voltem a crescer”, afirma o BNDES, lembrando que, por outro lado, a perspectiva é de aumento expressivo nos investimentos em logística (rodovias, ferrovias, portos, aeroportos e mobilidade urbana), com crescimento de 13,3% a.a. Em mobilidade urbana há uma queda de 8,7% decorrente da retração dos investimentos do setor público, diante do contexto de restrição fiscal.

Na total, a projeção mapeia R$ 539,9 bilhões de investimentos para a indústria e R$ 490,1 bilhões para a infraestrutura.

Na indústria, estão mapeados R$ 291,4 bilhões para petróleo e gás até 2021; R$ 60,5 bilhões para extrativa mineral; R$ 38,1 bilhões para alimentos; R$ 21,1 bilhões para papel e celulose; R$ 11,2 bilhões para bebidas; R$ 11,5 bilhões para biocombustíveis; R$ 14,6 bilhões para química; R$ 15,3 bilhões para siderurgia; R$ 21 bilhões para o complexo eletroeletrônico; R$ 20,4 bilhões para o complexo industrial da saúde; R$ 24,6 bilhões para o automotivo; e R$ 10,2 bilhões para o aeroespacial.

Na infraestrutura, estão previstos R$ 160,3 bilhões para energia elétrica; R$ 121 bilhões para telecomunicações; R$ 156,3 bilhões para logística – sendo R$ 80,7 bilhões para rodovias, R$ 39,3 bilhões para ferrovias, R$ 18 bilhões para portos, R$ 8 bilhões para aeroportos e R$ 10,3 bilhões para mobilidade urbana – e R$ 52,2 bilhões para saneamento.