Por Lívia Ferrari – Valor Econômico

11/12/2018 – 05:00

Até o final do ano, o BNDES pretende concluir processo de seleção dos projetos-piloto de internet das coisas (IoT), que participaram da chamada pública, lançada em junho, para as áreas rural, cidades e saúde. No total, foram inscritas 54 propostas e deverão ser selecionados até seis projetos em cada ambiente. Os desembolsos de recursos terão início no primeiro trimestre de 2019, e a execução dos projetos será em até 24 meses.

O volume de propostas superou a expectativa e fez o BNDES ampliar o orçamento do programa para as três áreas, dos R$ 15 milhões iniciais para R$ 30 milhões, em recursos não reembolsáveis. Somam-se a isso mais R$ 5 milhões destinados pelo banco a projetos-piloto de IoT na indústria, cuja chamada foi lançada em novembro, em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), e receberá propostas até 31 de janeiro. Os valores na indústria poderão somar R$ 15 milhões, já que, além do BNDES, há possibilidade de Senai e Embrapii alocarem até R$ 5 milhões cada um.

Segundo o gerente do Departamento de Telecom, TI e Economia Criativa do BNDES, Carlos Azen, dos projetos inscritos na chamada de junho, 23 foram para cidade, com soluções, principalmente, para segurança, água e saneamento, e mobilidade; 17 propostas para saúde, com foco em tecnologias para monitoramento remoto de pacientes; e 14 para o meio rural, na maioria, gestão de insumos, medição de água na irrigação e tecnologias de rastreamento de máquinas.

“A grande quantidade de projetos mostra a importância da IoT e o interesse da sociedade”, afirma Azen, para quem o Brasil vem conquistando protagonismo no tema.

Nas chamadas-públicas no setor rural, cidade e saúde, os tomadores dos recursos são em geral instituições científicas e tecnológicas que integram consórcios com empresas da cadeia fornecedora de tecnologias e com usuários das tecnologias.

Já a chamada para a indústria é voltada a institutos Senai de Inovação, com foco na otimização de processos produtivos. Em ambas, o BNDES deverá aportar no mínimo R$ 1 milhão por projeto e cada consórcio destinará igual quantia.

Projetos de IoT também contam com financiamentos do BNDES nas linhas de inovação, cujos desembolsos somam cerca de R$ 1,9 bilhão em doze meses, até setembro. Há ainda programa de fundos, como o Criatec, para empresas semente, ou o projeto Garagem, para a criação de startups de tecnologia.

“Não existe uma solução única. Iot envolve somatório de iniciativas e de empresas com perfis diversos”, destaca Azen, observando que, segundo estudos, “a maioria das soluções inovadoras virá de startups”.

Também a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) lançou este ano uma linha de crédito de R$ 1,5 bilhão para projetos de IoT de médias e grandes empresas, com aplicações nas áreas da saúde, na indústria, no campo e nas cidades. Uma primeira operação, de R$ 220 milhões, foi aprovada para projeto de automação da Stara Implementos Agrícolas, do Rio Grande do Sul.

A maior parte dos recursos da nova linha (R$ 1,1 bilhão) vem do orçamento da Finep, com taxas máximas TJLP mais 0,5% ao ano. Dependendo do impacto da inovação, os “bônus de relevância setorial” poderão reduzir o juro para TJLP menos um por cento. Os R$ 400 milhões restantes são provenientes do Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações (Funttel), para projetos em telecomunicações, com taxa TR mais 5% ou 3% ao ano.

A Finep pode financiar até 90% dos projetos, com valor mínimo por operação de R$ 5 milhões. O prazo total é de até 12 anos, com 48 meses de carência.

O superintendente de inovação da Finep, Maurício Syrio observa que a nova linha reforça o apoio da instituição à área de Internet das Coisas. Pois, conforme lembra, a Finep já financia projetos por meio de linhas regulares. A Financiadora tem cerca de R$ 650 milhões em financiamentos contratados em IoT e indústria 4.0.

A instituição também atua com o programa Finep Startup, no qual cada empresa recebe R$ 1 milhão (não reembolsável), podendo ter mais R$ 1 milhão conforme a evolução do negócio. Cinco empresas de Iot estão em fase de contratação de apoio financeiro, entre elas VM9 (soluções para smart cities), Geeksys (soluções para maior eficiência do varejo) e B yond (rastreabilidade e monitoramento preditivo de máquinas).

Segundo Syrio, a Finep já contratou este ano financiamentos de R$ 2,2 bilhões à inovação, bem acima dos R$ 1,4 bilhão de todo o ano passado.

Outros R$ 2,9 bilhões em estão em processo de contratação. “Parte desse valor poderá ser contratada ainda este ano”, diz o executivo da Finep, com meta de fechar 2018 com contratações de R$ 3,5 bilhões, acima do R$ 1,4 bilhão de 2017.