Por Roberta Costa – Valor Econômico

O Conselho do Banco Central Europeu (BCE) discutiu opções para reduzir o seu programa de compra de ativos (ou “QE”, na sigla em inglês) em sua reunião de setembro, mas estava preocupado com o fortalecimento do euro, segundo a ata da reunião publicada ontem.

No documento, o BCE diz estar se preparando para reduzir o estímulo monetário histórico no início de 2018, à medida que a economia da zona euro se recupere.

Dois cenários para as ações da autoridade monetária europeia foram discutidos. Um incluiria a extensão do “QE” por mais tempo, mas com uma maior redução no ritmo; no outro, continuá-lo por um período mais curto, com maiores volumes de compras mensais.

O programa de compras de títulos do BCE de € 60 bilhões em média ao mês (US$ 70,6 bilhões) tem sustentado os mercados financeiros da região desde o seu lançamento no início de 2015, apoiando os preços dos ativos e favorecendo a reação dos empréstimos bancários.

O debate em setembro não esclareceu para os investidores exatamente quando a redução ocorrerá, contudo. Mas a expectativa do mercado de que haja esclarecimento na reunião deste mês, no dia, 26, permanece, reforçada pela menção na ata do benefício de uma comunicação clara para o futuro.

Por outro lado, o documento enfatizou a necessidade de flexibilidade, o que significa dizer que o caminho pode ser alterado se as condições mais amplas da economia mudarem.

Sobre a valorização do euro, de cerca de 12% neste ano, vários membros do Conselho do BCE alertaram para o risco de prejuízo aos grandes exportadores da região, mas o diagnóstico do movimento teve leituras diferentes.

Alguns argumentaram que refletiu parcialmente a força econômica da região, o que poderia ser um desenvolvimento positivo, enquanto outros sugeriram que o movimento foi conduzido por fatores externos, como o cenário econômico mais benigno nos Estados Unidos.

A moeda única estabilizou-se desde que ultrapassou a cotação de US$ 1,20 há um mês, abrindo o caminho para uma decisão sobre o “QE” agora. Atualmente, a moeda está sendo negociada em torno de US$ 1,17. Mas qualquer pressão adicional sobre a moeda poderia ser minimizada pelo BCE por meio de um compromisso reiterado – e de forma mais explícita – de um período muito longo de manutenção das taxas de juros nos níveis atuais historicamente baixos.