Por Juliano Basile – Valor Econômico

O setor financeiro já tem condições melhores de participar dos projetos de infraestrutura desenvolvidos no país, avalia o presidente do Banco do Brasil, Paulo Rogério Caffarelli. Na visão dele, a queda da taxa básica de juros e a implementação da TLP pelo BNDES vão fazer muita diferença aos investidores, assim como as parcerias que podem ser realizadas com o setor privado.

“O mais importante é a recuperação da estabilidade econômica. Na minha opinião, o nome do jogo hoje é trazer a confiança dos investidores e garantir previsibilidade”, afirmou Caffarelli durante evento promovido pelo jornal “Financial Times”, com patrocínios estatais brasileiros, inclusive do BB. O executivo ressaltou que a carteira de projetos em áreas como logística, óleo e gás, saneamento, entre outros, é de R$ 500 bilhões.

Caffarelli acrescentou que a redução na taxa básica de juros permitiu aos investidores e ao setor financeiro olhar para cinco ou seis anos adiante, fazendo prospecções melhores sobre os investimentos. Antes, o financiamento era mais difícil devido às taxas elevadas e, agora, de acordo com ele, está facilitado.

“Com a redução dos juros, podemos ter fundos de pensão, bancos de investimentos, bancos estrangeiros; outras instituições podem estar no Brasil e fazer parte dos desafios que temos”, completou ele, referindo-se a investimentos em infraestrutura no país. Ainda segundo Caffarelli, com os juros atuais no Brasil, é possível ter taxas de longo prazo a preços de mercado.

Ele lembrou que o BNDES parou de oferecer empréstimos-ponte e que bancos públicos e privados vão fornecer garantias para ajudar no financiamento inicial dos projetos de infraestrutura, mas que depois a ideia é recorrer ao mercado de capitais, com debêntures, por exemplo.

No BB, segundo Caffarelli, a estratégia tem sido reduzir o financiamento para empresas rumo ao financiamento de projetos. “Nós precisamos sair de ‘corporate finance’ para ‘project finance’. Mas temos que dar confiança aos investidores.

Temos de migrar para o mercado de capitais em termos de estruturação de dívidas. Sabemos como fazer isso. Mas vamos precisar de bons projetos, com boas perspectivas.”