Por Bruno Villas Bôas – Valor Econômico

A diretora da área de Energia, Transporte Socioambiental e Saneamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Marilene Ramos, disse ontem que a criação da Taxa de Longo Prazo (TLP) vai fazer desaparecer os incentivos para projetos sustentáveis no banco, como nos financiamentos ao setor de energia eólica.

Marilene participou de encontro sobre ambiente na sede do BNDES, no Rio. Durante o evento, disse que o banco busca atualmente oferecer condições de financiamento diferenciados para projetos “verdes”, com taxas de juros mais baixas.

“Com a entrada em vigor da TLP, ainda que só vá ser igual à taxa de captação do Tesouro daqui a cinco anos, isso nos preocupa porque esse incentivo tende a desaparecer. O governo federal e o Congresso precisarão definir se querem continuar incentivando esse tipo de projeto”, disse.

Marilene sugeriu que o governo e o Congresso busquem verbas orçamentárias para que os subsídios explícitos constem no Orçamento e o banco possa praticar taxas mais vantajosas para esses segmentos sustentáveis. “É um tema ainda nebuloso, não sabemos com vai funcionar nos próximos anos.”

Segundo a diretora, a política adotada pelo BNDES permitiu, por exemplo, que o país desenvolvesse o segmento de energia eólica, que saiu de “produção insignificante” para uma capacidade instalada de 11 gigawatts (GW), quase totalmente financiada pelo BNDES. “Todas as indústrias associadas à geração eólica também foram financiadas pelo BNDES. No momento que não houver condição especial de juros, teremos mais dificuldade de diferenciar projeto ‘verde’ do ‘marrom'”, afirmou.

Sobre o pedido de devolução de recursos pelo governo federal, Marilene disse que “todos ficam preocupados com o cenário de restrição fiscal”, mas que “não enxergamos isso como absoluta restrição ao financiamento, especialmente a esse tipo de projeto [verde]”.

Segundo ela, o BNDES, mesmo com restrições orçamentárias, tem capacidade para fazer captações externas e trazer financiamento para projetos com “caraterísticas ambientais interessantes”