Por Edna Simão – Valor Econômico

03/08/2018 – 05:00

A arrecadação líquida do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) apresentou no primeiro semestre deste ano uma forte recuperação em relação ao mesmo período de 2017, que foi marcado pelos saques de cerca de R$ 40 bilhões das contas inativas. Também pesou positivamente, em 2018, uma melhora, mesmo aquém do desejável, do mercado formal de trabalho.

Nos seis primeiros meses deste ano, a arrecadação líquida do FGTS (diferença entre receita bruta e saques) somou R$ 3,5 bilhões. No mesmo período do ano passado, esse número foi negativo em R$ 1,442 bilhão.

Em todo o 2017, a arrecadação líquida foi de R$ 4,970 bilhões, o menor valor desde 2007 (R$ 3,2 bilhões). Para este ano, é esperada uma recuperação. A expectativa é a de que essa receita líquida fique entre R$ 8 bilhões e R$ 9 bilhões. No acumulado em 12 meses até junho, essa receita soma R$ 9,9 bilhões.

Apesar do resultado esperado para arrecadação líquida no ano ser superior ao desempenho de 2017, o lucro líquido do FGTS neste ano deve ficar estável ou até um pouco menor em relação aos R$ 12 bilhões registrados no ano passado.

A metade desse lucro será distribuído entre os trabalhadores até 31 de agosto. Segundo fonte ouvida pelo Valor, o FGTS tem um patamar elevado de recursos aplicados em títulos públicos e a tendência é que a taxa básica de juros continue baixa, afetando o resultado do Fundo. Na quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa básica de juros (Selic) em 6,5% ao ano e não deu indicações mais claras sobre os próximos passos.

A melhora da arrecadação líquida neste ano só não foi mais forte porque muitos dos brasileiros que estão buscando emprego têm sido incorporados pelo mercado informal, ou seja, não ajudam no aumento de receitas do FGTS. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada pelo Instituto Nacional de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que 40,6% do total de ocupados no segundo trimestre no país estavam na informalidade.

Enquanto o contingente de informais cresceu 2,3% no segundo trimestre ante mesmo período do ano passado, o total de assalariados com carteira assinada recuou 1,5% no período.

Mesmo com essa redução no contingente de trabalhadores na formalidade, os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho mostram que o saldo de contratados com carteira assinada no semestre está positivo em 392.461 empregos, considerando dados com ajustes (exceto junho, que ainda não tem os dados atualizados). Esse desempenho representa um aumento de 1,04% ante mesmo período de 2017.

Somente em junho, o mercado de trabalho brasileiro registrou o fechamento líquido de 661 vagas com carteira assinada.

Esse foi o primeiro mês com saldo negativo em 2018. A equipe econômica acredita que o desempenho do mercado de trabalho formal em junho foi pontual e que haverá uma recuperação até o fim do ano, acompanhando uma retomada, mesmo que lenta, da atividade econômica. A previsão de crescimento econômico do governo para este ano recuou de 2,5% para 1,6%