Durante período de restrição hídrica, brasiliense viu reservatório subir de 5,3% a 93,9%. Obras e conscientização garantem oferta, diz governo.

Por Gabriel Luiz, G1 DF

14/06/2018 05h29

Após quase 1 ano e 5 meses em vigor, o Distrito Federal chega nesta quinta-feira (14) ao último dia sob racionamento de água. Nestas 73 semanas de restrição, o brasiliense ficou pelo menos 24 horas sem água a cada seis dias e viu o principal reservatório, o Descoberto, ir do mínimo histórico de 5,3% a um pico de 93,9%.

Ao todo, foram 513 dias de rodízio. O último fechamento de registros ocorreu nesta quarta (13), afetando 605 mil moradores de Ceilândia Leste, Park Way, Águas Claras, Núcleo Bandeirante, Samambaia, Asa Sul e Jardins Mangueiral.

Com isso, na prática, não haverá mais corte regular de água a partir desta quinta. No entanto, os moradores destas últimas áreas ainda podem ficar com a torneira seca ao longo do dia, enquanto o abastecimento não se normaliza.

De novo, em queda

Com o fim do período de chuvas, porém, o nível dos reservatórios voltou a cair. Entre segunda (11) e terça (12), por exemplo, o Descoberto passou de 93,5% para 92,9% — uma queda de 0,6 ponto percentual. Não se vê uma baixa tão expressiva desde outubro do ano passado.

Ainda assim, a quantidade de água presente hoje no reservatório deixa o DF em uma situação mais confortável do que no ano passado.

Em 2017, o ápice de preenchimento do Descoberto, mesmo na temporada de chuvas, foi de 56,4%. O índice foi registrado em abril. Isso significa que, mesmo com o início da estiagem, o DF tem hoje um cenário de abastecimento bem mais “confortável” que o do ano anterior.

Fim do racionamento

O fim do rodízio foi anunciado no dia 3 de maio. Segundo o governo, a decisão foi tomada com base, principalmente, nos níveis dos reservatórios.

A redução do consumo de água – estimada entre 12% e 13%, em um percentual que já inclui o impacto do racionamento – e a inauguração de novas obras de captação no Lago Paranoá e no Córrego Bananal também influenciaram na decisão.

Uma terceira obra, que resultará no abastecimento de água potável a partir do sistema Corumbá IV (entre DF e Goiás), deve ser inaugurada até dezembro. Ela já é levada em conta nos planos do governo.

O fim da medida divide opiniões, conforme o G1 já mostrou. Segundo o hidrólogo Marcelo Resende, a determinação é precipitada. “Foi tomada em cima dos números atuais dos reservatórios. Estamos entrando em situação de seca, que deve perdurar até outubro.”

Já o diretor da Agência Nacional das Águas (ANA) Oscar Cordeiro Netto discorda. “Quanto às barragens do Descoberto e de Santa Maria, elas estão com níveis de reserva suficientes para fazer face aos cinco meses que temos pela frente [até outubro].”