Por Ricardo Mendonça – Valor Econômico

17/04/2018 – 05:00

O ex-presidente da Câmara e ex-ministro de governos petistas Aldo Rebelo lançou ontem em São Paulo sua candidatura à Presidência pelo Solidariedade (SD) e informou que recebeu convites para ser vice na chapa de concorrentes. Sem citar nomes, ele disse que também já recebeu ofertas de vices para sua chapa. Afirmou depois que conversas desse tipo são “uma premissa da política”.

Recém-filiado ao Solidariedade por discordar da “inclinação” do PSB em apoiar a candidatura do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa, Aldo lançou sua pré-candidatura num galpão do partido na zona sul da capital.

Entre outros, estava acompanhado dos deputados Paulinho da Força (SP), presidente da legenda, e Wladimir Costa (PA), parlamentar que ficou nacionalmente famoso no ano passado ao exibir uma tatuagem de rena com o nome do presidente Michel Temer no ombro. Na época, a Câmara discutia denúncia contra o emedebista.

Num discurso de 36 minutos, Aldo exaltou o crescimento econômico como única forma de unir os brasileiros. Ele reclamou do clima de intolerância no país e citou a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – líder nas pesquisas, ressaltou – como exemplo “do momento grave que estamos vivendo”.

Segundo o ex-ministro, o Brasil passa por uma fase “de desorientação dos rumos, dos objetivos”, problema que, na sua avaliação, só pode ser superado com a retomada do crescimento.

“Aprendi que quando o país cresce, tem dinheiro para tudo. Quando não cresce, não tem dinheiro para nada”, resumiu. A volta do crescimento, completou, ajudaria a resolver os problemas fiscais, da Previdência e do emprego.

Como sempre faz, Aldo aproveitou a ocasião para reclamar do Greenpeace e outras Organizações Não Governamentais (ONGs) que atuam na Amazônia. Disse que a região não pode ser “um enclave” comandada por essas entidades. Relator do Código Florestal aprovado anos atrás na Congresso, ele é criticado por ambientalistas que o enxergam como defensor de ruralistas e desmatadores.

Entre outros exemplos, Aldo Rebelo manifestou indignação com a proibição de plantações de arroz em terras indígenas em Roraima, veto decidido pelo STF, e com as exigências de licenciamento ambiental para duplicação de rodovias no Norte do país.

Ex-ministro da Defesa e dos Esportes em governos petistas, ele exaltou o papel das Forças Armadas e do futebol. Ao falar sobre educação, reclamou também da falta de disciplina e hierarquia nas escolas pelo país.

Antes do discurso de Aldo, o deputado Wladimir Costa destacou a capacidade do ex-ministro de tranquilizar os ânimos e o comparou a um medicamento. “Ele é uma espécie de Rivotril”, afirmou. Na sequência, exaltou o papel do Solidariedade no impeachment de Dilma.

Em entrevista após o evento, Aldo afirmou que, “evidentemente”, não endossa o papel desempenhado pelo Solidariedade no afastamento da petista. “Fui e sou contra o impeachment”, disse. “Mas nós vivemos hoje um processo de olhar para frente. Muitos dos que foram a favor do impeachment hoje estão apoiando a luta pela libertação do presidente Lula.”

Sobre o PSB, o ex-ministro afirmou não ter certeza sobre a candidatura de Joaquim Barbosa. “Sempre foi uma coisa meio nebulosa, meio mal assombrada [dentro do partido]. Eu nunca tive… e nem o partido me dizia se havia um ‘sim’ definitivo do ex-ministro Joaquim Barbosa. E a própria filiação foi feita sem um comunicado público dele, sem uma entrevista”, explicou.

Com Aldo Rebelo, já há 21 partidos com pré-candidatos a presidente, das 35 legendas habilitadas a concorrer. Caso todas as pré-candidaturas se consolidem, será a maior fragmentação desde 1989, quando houve 22 candidaturas presidenciais.

Ainda faltam as decisões de duas siglas nanicas, o PCB e o PCO, que tradicionalmente lançam candidatos. No caso do PT, a pré-candidatura lançada é a do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está inelegível pela lei da ficha limpa. Não há debate público dentro da sigla sobre quem irá substitui-lo. No caso do MDB, o presidente Michel Temer ainda pode apoiar o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles.

No quadro de pré-candidatos há seis nomes do Rio de Janeiro e cinco de São Paulo. Nenhum é de Minas Gerais, que tem o segundo maior colégio eleitoral do país.