Por Rodrigo Rocha – Valor Econômico

16/03/2018 – 05:00

Um dos principais nomes do saneamento privado, a Aegea está se organizando para ampliar sua presença também a partir de novos negócios. A primeira grande aquisição foi concretizada no fim de fevereiro, com a operação de água e esgoto de Manaus, maior cidade em população atendida nas mãos de um grupo privado do setor. E a empresa já se estrutura para futuras oportunidades.

Com os quase 2 milhões de pessoas atendidas pela Companhia de Saneamento do Norte (CSN), a empresa atinge 32% do público das concessões privadas e se consolida como agente ativo do setor. O negócio estava nas mãos da Solvi, que atua principalmente em coleta e gestão de resíduos sólidos, e tinha como minoritário o Grupo Águas do Brasil, importante concorrente da Aegea em saneamento.

A companhia não abre o valor da operação, que ainda depende de aprovações societárias e regulatórias. De capital fechado, a empresa tem como acionistas a Equipav, o GIC – fundo soberano de Cingapura -, e o IFC, ligado ao Banco Mundial.

“A concessão já é interessante, mas ainda necessita de muitos investimentos, há muito a se fazer. A cobertura de esgoto é de cerca de 19%, e a perda de água, de 75%, o que torna o projeto atrativo”, explica Hamilton Amadeo, presidente da Aegea.

A preparação para ampliar a presença no mercado já acontece há algum tempo, com diversificação do perfil de endividamento e acessando o mercado estrangeiro. No ano passado, levantou US$ 400 milhões de dólares em uma emissão externa de títulos de dívida, a primeira do tipo feita por uma empresa brasileira de saneamento.

Apesar da forte necessidade de investimentos, o fato de Manaus já ser um negócio gerador de receita deve ajudar a manter ou até mesmo reduzir indicadores de endividamento como a alavancagem.

Companhia pode recorrer ao sócios em capitalização para financiar aquisições ou novas concessões “Por conta dessa condição, temos a intenção de ter investimento acelerado”, explica Amadeo. A meta para os próximos cinco anos é de R$ 880 milhões em desembolsos, sendo R$ 580 milhões para equacionar problemas de perda de água e o restante para elevar o nível de esgotamento. A concessão vai até 2045.

Boa parte do montante destinado para o pagamento da aquisição virá da emissão externa, mas há espaço para aportes dos sócios, visando a reduzir o risco de alavancagem.

A companhia pretende emitir ações preferenciais, com opção de subscrição dos sócios, para ajudar se houver necessidade de capitalização. Dentro desse cenário, já ficou pré-aprovada a possibilidade de capitalização três vezes acima da projetada atualmente, no caso de novos investimentos ou aquisições.

Das possíveis licitações de saneamento previstas para este ano, a companhia vê com bons olhos a Parceria Público Privada (PPP) de esgotamento sanitário da Corsan, na região metropolitana de Porto Alegre, e a concessão de algumas cidades operadas pela Sanesul no interior do Mato Grosso do Sul.

No mercado secundário, o principal negócio à venda no mercado é a BRK Ambiental Utilities, que reúne os ativos industriais adquiridos da Odebrecht Ambiental, como o Aquapolo. Amadeo afirma que, em tese, os ativos interessam, mas que esse tipo de negociação costuma ser protegido por acordo de confidencialidade.