Por Victor Aguiar – Valor Econômico

A ansiedade do mercado em relação ao processo eleitoral, tanto no âmbito federal quanto estadual, deve influenciar o comportamento das ações de empresas que atuam em setores regulados, como o de saneamento.

Segundo Jorge Penteado Cunha Lima, sócio da Eu Investimentos, as privatizações previstas no segmento elétrico dão às ações dessas companhias potencial relevante de valorização caso um candidato pró-mercado vença as eleições. “As elétricas fizeram a lição de casa e estão preparadas para uma mudança estrutural maior”.

Obede Rodrigues, gestor de renda variável da Fator Administração de Recursos (FAR), amplia esse escopo para incluir também as empresas que atuam no ramo de concessões de infraestrutura – como rodovias, ferrovias, portos e aeroportos -, uma vez que a atuação de empresas nesse segmento também depende da modelagem governamental. “Empresas controladas pelos Estados, como Cemig, Sabesp, Copel e Sanepar, também vão oscilar [com o perfil dos candidatos a governador].”

As pesquisas de intenção de voto para governador, embora menos frequentes, também já podem servir como baliza para os investidores interessados nos papéis de empresas estaduais. No início da noite de ontem, pesquisa do Ibope mostrou empate técnico na disputa pelo governo de São Paulo. O ex-prefeito João Doria (PSDB) apareceu com 20% das intenções de voto, e o presidente licenciado da Fiesp, Paulo Skaf (MDB), com 18%. Foi a primeira pesquisa realizada pelo Ibope sobre a disputa pelo governo de São Paulo depois que as candidaturas foram oficializadas.

No entanto, o tema de concessões e privatizações não gera opiniões unânimes entre os especialistas. Para um profissional do mercado que prefere não ser identificado, uma eventual vitória de Geraldo Alckmin (PSDB) – um dos candidatos mais alinhados ao mercado financeiro – pode trazer alguma instabilidade às empresas ligadas a essas teses de investimento, dado o histórico dele no comando de São Paulo.

“O arcabouço regulatório em São Paulo não é bom”, diz ele, citando embates judiciais envolvendo revisões tarifárias para as concessionárias de rodovias e a não realização do leilão da Cesp como fatores que geram certa reticência dos investidores em relação ao ex-governador.