Pesquisa mostra aumento do percentual de domicílios que contam com abastecimento diário por meio da rede geral de distribuição. Rede geral de esgotamento, no entanto, não apresenta expansão.

Por Daniel Silveira, G1 — Rio de Janeiro

22/05/2019

Abrir as torneiras e ver a água jorrar diariamente, sem interrupção no fornecimento, é uma realidade que aumentou na maior parte do país. É o que revela pesquisa divulgada nesta quarta-feira (22) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em 2018, 88,3% dos domicílios brasileiros ligados à rede geral de distribuição de água contavam com o fornecimento regular diário. Em 2017, esse percentual era de 86,8%. A melhoria foi observada em 19 das 27 Unidades da Federação, incluindo o Distrito Federal.

De acordo com a analista do IBGE Adriana Beringuy, o aumento mais expressivo foi registrado no Distrito Federal, onde 64,4% dos domicílios recebiam água diariamente através da rede. No ano anterior, esse percentual era de apenas 43,3%, indicando uma alta de 21,1 pontos percentuais (p.p.).

“A partir de 15 de junho de 2018 foi encerrado o rodízio que estava sendo feito desde 2017 no DF, por causa da crise hídrica. Isso, então, fez com que a disponibilidade diária em nível nacional melhorasse”, apontou.

Um em cada três brasileiros não tem acesso a saneamento básico, segundo pesquisa do IBGE

Na Paraíba também houve alta expressiva, de 16 p.p., dos domicílios que contavam com o fornecimento de água diário – saltou de 56,7% em 2017 para 72,7% em 2018. “Não temos a informação regional que explique este movimento na Paraíba”, ressalvou a pesquisadora.

Mesmo que em percentuais menores que no DF e na Paraíba, outros 17 estados viram melhorar a oferta de água. Quedas foram identificadas no Acre, Pará, Amapá, Sergipe, Espírito Santo e Paraná. Já Santa Catarina foi o único estado que não apresentou variação neste percentual.

A maior redução foi observada no Amapá, onde 73,5% dos domicílios receberam água diariamente, sendo que no ano anterior este percentual chegou a 81,8%, o que representa uma queda de 8,3 p.p. Nos demais seis, a queda média foi de 1,7 p.p.

Dentre o total de domicílios conectados à rede de distribuição que não contavam com o abastecimento diário regular, 5,3% o tinham de quatro a seis vezes por semana, enquanto 4,9% só recebiam água de uma a três vezes por semana.

“A grande maioria desses domicílios [sem oferta diária de água] são nordestinos. Somando todos os municípios do Nordeste, são cerca de 12% da população dessa região que não têm essa disponibilidade diária de água”, enfatizou Adriana.

A pesquisadora destacou que Pernambuco é o estado brasileiro com o menor percentual de domicílios com abastecimento frequente de água. Lá, apenas 38,6% dos domicílios o têm diariamente, percentual próximo ao do Acre, que ficou em 39,7%.

A pesquisa do IBGE, feita a partir de dados coletados na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínia (PNAD), mostra que em 2018 97,5% dos domicílios do país contavam com abastecimento proveniente da rede geral de abastecimento. Assim, dos cerca de 71 milhões de domicílios, 1,7 milhão tinham o fornecimento de água realizado por outras formas, como por fonte ou nascente, poço profundo ou artesiano, poço raso, freático ou cacimba.

Entre as Grandes Regiões, o percentual de domicílios com água canalizada variou de 92,8%, na Região Nordeste, a 99,8%, nas Regiões Sudeste e Sul. A Região Norte apresentou a menor proporção de domicílios em que a principal fonte de abastecimento de água era a rede geral de distribuição (58,9%), enquanto a Região Sudeste, a maior (92,4%).

Saneamento sem avanços

Ao analisar o esgotamento sanitário no Brasil, o IBGE constatou que há estabilidade no percentual de domicílios que estão ligados à rede geral ou que possuem fossa a ela conectada ao longos dos últimos anos. Em 2018, 66,3% dos domicílios contavam com o serviço, apenas 0,3 p.p. a mais que no ano anterior. Em 2016, primeiro ano do levantamento, este percentual era de 65,9%.

“De fato, temos um panorama de não mudança na estrutura de esgotamento sanitário. Agora, é importante analisar regionalmente. Como são ações que não vêm apenas do governo federal, a mudança não é perceptível em nível nacional”, ponderou a analista Adriana Beringuy.

A pesquisadora apontou que no Centro-Oeste houve aumento do percentual de domicílios ligados à rede geral de esgotamento sanitário – passou de 52,5% em 2017 para 55,6% em 2018. No Norte, também houve aumento, passando de 20,3% para 21,8% no mesmo período. Já no Sul, o percentual subiu de 66% para 66,8%.

No Centro-Oeste, apontou a pesquisadora, houve aumento na rede dos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Já no Norte, a alta foi puxada por novas ligações efetuadas em Roraima.

Nordeste e Sudeste, no entanto, tiveram queda de 0,3 p.p. no percentual de domicílios com esgotamento por rede geral – na primeira, passou de 44,9% para 44,6%, enquanto na outra de 88,9% para 88,6%.

“Esse indicador que a gente está trazendo não mostra, por exemplo, as condições da rede de cada região, menos ainda a qualidade do serviço. Só estamos mostrando o percentual de domicílios que têm ligação com a rede geral de esgoto”, enfatizou a pesquisadora.